quinta-feira, outubro 25, 2007

Grande embrulhada

""É um filme de produtor", explicou Alexandre Valente, o dito, terça-feira, numa conferência de imprensa em Lisboa. Instado pelos jornalistas a explicar as razões das discordâncias com João Botelho, que levaram este a romper com a produção e a retirar o seu nome do filme, sobre o que tinha sido filmado e depois cortado (entre 12 a 17 minutos) e quais as alterações por ele feitas no alinhamento das imagens e na banda sonora, Alexandre Valente pouco adiantou. Num texto no dossier de imprensa, o produtor escreve que ele e João Botelho não conseguiram "chegar a acordo na montagem e na banda sonora". Ontem, disse que "o objectivo do filme era adaptar o livro `Eu, Carolina`, objectivo que implica riscos e que devem ser corridos por mim". Acrescentou que viu a montagem apresentada por João Botelho, "discordou dela e disse-lhe", mas nunca explicará "o que havia" antes no filme e "o que há agora. Mas não alterei o contexto do filme". Valente negou ao DN existirem duas versões de «Corrupção». Uma de cinema, a sua, com menos 17 minutos que a de João Botelho, e a de DVD, do realizador, com esses 17 minutos acrescentados. Nicolau Breyner, que interpreta o Presidente, e Ruy de Carvalho, elogiaram o trabalho de João Botelho e apoiaram Alexandre Valente nas suas decisões. Não estamos habituados a ter indústria cinematográfica em Portugal. A indústria implica que haja filmes destes, os chamados filmes de encomenda, disse Breyner. E pelo contrato, o produtor pode cortar, escolher actores, etc. É normal. Não há jogo escondido, rematou. Para Ruy de Carvalho, Não há censura. Essa, sentimo-la eu e o Nicolau na pele. Há cortes de produção. Houve um desacordo entre o realizador e o produtor. Carolina Salgado já viu o filme e "amou". Está muito contente "por ter chegado até aqui", e estará "ainda mais" quando for a antestreia do filme, no dia 31, numa festa no Freeport de Alcochete. «Corrupção» irá para os cinemas sem ter sido mostrado antes aos media e à crítica."
in Diário de Notícias a 24 de Outubro de 2007

6 comentários:

Paulo disse...

Mais uma vez o Cinema português não sabe (ou não quer) promover-se a si próprio junto daqueles que podem vincular a mensagem que deseja transmitir. Isto pressupondo que o Cinema português deseja realmente transmitir alguma coisa, o que eu duvido.
É um cinema muitas vezes elitista, que não espelha a sociedade portuguesa, que não a entende, que não a observa, que se limita a sobreviver de "peditórios" ao Estado ou então a colocar-se em bicos de pé para obter um patrocínio de um qualquer grupo media (controlado por estranjeiros) e assim "fazer-se" às encomendas.
Por isso é que os portugueses não gostam do Cinema português, porque este não se preocupa com eles, não os retrata, não os respeita.
Enfim, diria que este filme vai ter muito alarido mas pouco conteúdo. Espero estar enganado, a bem do Cinema. Mas o que fizeram ao João Botelho revela que bem até que ponto o compadrio minou a sociedade portuguesa.

Gonçalo Trindade disse...

Um filme de produtor... essa é nova 0_0

E concordo com aquilo que o Paulo diz, apesar de haver por aì cinema português muitíssimo bom (veja-se o "Alice", ou os nossos belos documentários).

Anónimo disse...

Eu acho que vai ter "muito alarido" e NENHUM conteúdo...

É o aproveitamento saloio de uma livro ordinário, que aborda um tema não menos baixo, ao nível de qualquer TVI ou SIC...

Mas vai bater record de bilheteira.
Aposto!

Capitão Merda disse...

Uma situação que até daria um bom filme...

C. disse...

Com a polémica ainda é capaz de ganhar mais espectadores. Triste.

Luís A. disse...

paulo: esse elitismo existe de facto. mas para acabar com ele, creio que é necessário um cinema assumidamente comercial, para gerar os fundos necessários para começarem a ser feitas outros tipos de obras que respeitem o público, mas que ao mesmo tempo não os trate como burros.

Gonçalo: nem mais!

José: também me cheira a isso, especialmente tendo em conta o ultimo filme de produtor do senhor em questão : o ...brrr...padre....amaro..brrr!

Capitão: um filme sobre o cinema português só daria dois géneros: ou tragédia ou comédia.

wasted: ah pois é. e creio que essa polémica já está a ser muito bem capitalizada pela Utopia filmes

abraços cinéfilos a todos!

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