sexta-feira, janeiro 18, 2008

Rope (1948)

de Alfred Hitchcock

A premissa simples e inspirada em factos verídicos, gira em torno de dois amigos que cometem um assassinato apenas para provar a sua superioridade intelectual. Para cúmulo decidem convidar todos os amigos do falecido para uma festa em que a mesa de comes e bebes é é uma arca que no seu interior contém …o morto. Mas entre os convidados está o seu antigo professôr (James Stewart), que no decorrer da festa começa a desconfiar que algo está errado.

O brilhantismo deste filme, pouco referido na obra do mestre do suspense (o seu 1º a cores), é algo que deve ser destacado de imediato. Filmado como se fosse um enorme plano sequência, só não o é devído às limitações técnicas da altura (as bobines só levavam 10 minutos de fita), mas que Hitchcock, consegue camuflar escondendo os cortes no escuro das costas dos personagens em momentos chave. Além desse desafio temporal, há o desafio espacial uma vez que todo o filme decorre num único local, um apartamento. Mais tarde outros filmes do mestre partilhariam esta característica, Dial M For Murder e a obra-prima Rear Window.

A encenação e virtuosismo visual, que com movimentos de câmara precisos e enquadramentos únicos, consegue criar um enorme clima de suspense ( a cena da criada a arrumar a mesa), assim como escapar à limitação do espaço, criando cinema e não teatro filmado. O que é admirável na forma como Hitch filma, é a sua capacidade para virar o jogo, tornando o espectador cumplíce do que se está a passar em todos os momentos, ficando os personagens muitas vezes para trás. Nesse capítulo, o realizador dava cartas como nínguem.

Além do virtuosismo técnico, há o tom deliciosamente cómico e macabro que caracteriza os melhores filmes do mestre. A forma como os dois assassinos jogam com a situação que criaram e a maneira como Hitch filma essa situação, faz com que personagens e realizador, partilhem do mesmo gozo de estar um passo à frente do jogo. As interpretações são todas sólidas, destando-se um seguro James Stewart (a sua 1ª de muitas colaborações com Hitch) , que no final leva uma grande lição de vida (ou será de morte?) e um maquiavélico John Dahll, sempre com tiradas de um humor negro inspiradíssimo. De salientar também a magnífica galeria de personagens secundários, que acabam por humanizar e contextualizar o personagem que se encontra morto na arca

Em suma, Rope é um filme pura e simplesmente brilhante! Sendo provavelmente aquele mais experimental e formalmente ousado, na obra desse grande génio, a quem tantos cineastas devem (e cinéfilos já agora), de seu nome Alfred Hitchcock.

8 comentários:

José Quintela Soares disse...

Fantástico filme.
Aliás, é difícil encontrar um Hitch que não o seja.

Luís A. disse...

E faltam-me vêr tantos...especialmente a fase dos anos 40. Mas espero resolver essa lacuna em breve.

abraço josé

Cataclismo Cerebral disse...

Este Rope é o meu 2º preferido do Hitchcock. É um filme belíssimo! Boa escolha ;)

Abraço

Luís A. disse...

cataclismo: para mim ha uma santissima trindade na dupla hitch/jimmy: vertigo, rear window e este rope...e são todos geniais à sua maneira!

abraço

Capitão Merda disse...

Não costumo comentar aqui, pois não pesco peva de cinema.
Mas sempre gostei do que vi de Hitchcock...

Loot disse...

Eu já tinha escrito um comentário aqui, mas talvez tenha fechado a janela antes do tempo, não sei...mistérios lol.

de qualquer das maneiras repito: este Rope é um dos meus favoritos de Hitchcock mas também me faltam ver muitos dele ainda.

Abraço

Luís A. disse...

capitão: jitch tinha essa mais valia. além de uma grande qualidade no seu cinema, era acessivel para toda a gente.

loot: também é um dos meus favoritos! acho que nunca se fez um filme assim...

abraço aos dois e vão aparecendo!

C. disse...

Andámos a rever o filme na mesma altura! ;)

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