Obra algo polémica e injustamente ignorada na carreira de Hitchcock, Marnie é um excelente complemento a um dos seus filmes maiores, o inesquécivel Vertigo. Repescando a sua heróina loura de The Birds (Tippi Hedren) e tendo Sean Connery como substituto de James Stweart, Hitchcock assina mais um retrato sobre os seus temas recorrentes: a obsessão sexual, a culpa, o amor, identidades falsas, mentiras, traumas e fixações maternais. Esta história de uma atraente ladra, que é aprisionada por uma das suas “vítimas” num jogo de psicanálise e obsessão, é uma reveladora incursão ao lado mais pessoal do mestre do suspense. Marnie é complexo, pois funciona como thriller, história de amor e drama psico-analítico. E é essa amálgama de géneros contraditórios, que lhe dão um sabor estranho e invulgar. Hitchcock parece mais interessado na dinâmica da relação quase sado-masoquista do seu casal de protagonistas e menos no mistério que serve de motor à história. Os resultados dessa abordagem, apesar de desequilibrados, são bastante satisfatórios, pois a fita funciona em diversos níveis permitindo diversas leituras. Connery nunca foi tão ambíguo quanto aqui. E Hedren brilha num papel torturado e difícil apenas ao alcance de uma grande actriz. Marnie possuí ainda uma das mais belas bandas sonoras do mestre Bernard Herrman e este filme assinalou a sua ultima colaboração com o mestre do suspense. Uma obra a ver por todos os aficionados do grande Hitch.
terça-feira, março 16, 2010
Marnie (1964)
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