segunda-feira, maio 28, 2007

Elephant (2003)

de Gus Van Sant



Não é fácil escrever sobre Elephant, o grande vencedor do festival de Cannes 2003. Não é fácil porque não existe propriamente uma história, mas sim uma colecção de momentos mundanos na vida de vários personagens ao longo de um dia, que vão lenta e impiedosamente caminhando lentamente para um final brutal. Não é fácil porque a originalidade por detrás do olhar do realizador é simplesmente sublime. Não é fácil, porque Elephant, faz pensar e sentir de uma forma avassaladora.

A grande mais valia deste filme perturbante, é a câmara poética, e ao mesmo tempo distante, de Gus Van Sant. Em Elephant, a imagem tem o seu tempo respira e contempla, criando a ilusão do real. Mas esse tempo por vezes, é distorcido a belo prazer pelo cineasta, com constantes flashforwards que trocam as voltas ao especatdor, mas que nunca o confundem, e sim surpreendem pela audácia. Uma palavra também para os pontos de vista dos personagens, que são fulcrais à construção da tensão, esbarrando uns nos outros e ao mesmo tempo complementando-se.

Passa por este grande filme, uma lufada de ar fresco estético como há muito não sentia num filme. Seja pelos virtuosos (e arrrebatadores) planos sequencia, pelo uso inspiradíssimo do foque/desfoque ou pela magnífica fotografia. É de salientar que Gus Van Sant não utilizou um guião, mas sim um outline para que os não-actores podessem ter a liberdade de aplicar as suas próprias personnas nos personagens.

Elephant...como disse atrás, não é fácil escrever sobre este filme, portanto quem não viu, que veja, quem viu, reveja, pois de certeza que esta será uma das obras-primas do cinema do século XXI.

7 comentários:

S.B. disse...

Confesso não ser fã de Elephant, é um filme com o qual lido com alguma dificuldade... mas o que eu gosto mesmo é da curta-metragem de Alan Clarck, na qual Gus Van Sant, se inspirou, também intitulada Elephant e que acompanha o dvd. Fortissimo!

Carlos Pereira disse...

Uma das obras-primas do século XXI, sem dúvida. Não só Elephant, como toda a "Trilogia da Morte", composta por Gerry, Elephant, e Last Days. Absolutamente geniais.

Abraço Luís ;)

diogo disse...

Obra-prima! Este e o que se seguiu: "Last Days".
Fiquemos, então, à espera de "Paranoid Park".
Cumprimentos.

Luís A. disse...

S.B. - pois é! Na entrevista que vem no dvd, Van Sant, faz referência a essa curta, que ainda não vi, mas está lá nos extras.

Carlos e Diogo - Tenho mesmo de vêr o Last Days. Estou em fase de redescoberta de Gus Van Sant

Agraço para todos

Tiago Barra disse...

No "Last Days" ele é mais ousado no envolvimento estético dos cenários e nos diálogos.
Um grande realizador, dois grandes filmes.

A curta do "Paris Je t´aime" ficou aquém de ambos.

cumprimentos,

Flávio Gonçalves disse...

Um dos meus filmes preferidos, sem dúvida. A realização é, na falta de melhores palavras, memorável ou, como na crítica é dito, "poética" (no que aos movimentos de câmara se refere). O "Paranoid" está bastante bem, mas "Elephant" consegue dar-nos uma visão alienada, afastada, mas completa do mundo vazio da adolescência actual. Gostei muito da crítica e do blog:)

Abraço

Luís A. disse...

obrigado flávio.

um abraço

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