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Recheado de uma galeria de figurões extremamente coloridos e divertidos. Eles são, o protagonista Mark Renton (Ewan Mcgregor), com a sua filosofia de escolher cavalo em vez de escolher a vida. Simon “Sick Boy” (Johnny Lee Miller) o grande teórico de Sean Connery e engatão incorrigível. Spud (Ewen Bremmer, o drogado de bom coração com uma grande apetência para defecar em camas estranhas e para se encher de speeds nas entrevistas de emprego. E finalmente o psicótico e paranóico “Franco” Begbie (Robert Carlyle), perigoso, irrascível e sempre na vertigem da violência. Todos os actores, estão à altura dos papéis, conseguindo dar o toque humano essencial, na composição destas bizarras personagens. Outro ponto fortíssimo, é a adaptação que o argumentista John Hodge fez do livro de Welsh. Hodge combina personagens e situações do livro, mantendo-se sempre fiel ao espírito da obra original. É de salientar que o livro tinha uma estrutura não linear algo complexa, que Hodge escolheu contar de forma mais tradicional e eficaz.
E para final o melhor: a virtuosa realização de Danny Boyle. O realizador parece ter sido possuído pelo mesmo espírito febril dos seus personagens. Personagens esses, que nunca em momento algum são julgados pela câmara de Boyle. A sua realização nunca recorre a saídas fáceis e prefere manter-se do lado dos seus heróis(?) até às ultimas consequências (incluíndo um delírio numa cena de antologia na pior casa de banho da Escócia). A encenação arrojada e destemida, o uso de grandes angulares que distorcem e alienam os personagens, uma montagem frenética e inovadora, a manipulação de sons, conjugada com a pujante banda sonora (Underworld, Iggy Pop, Lou Reed), revelam aqui o melhor momento da carreira de Danny Boyle.
Um dos melhores filmes dos anos 90, e obrigatório para (quase) todos.
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4 comentários:
Pena o Danny Boyle não ter feito mais nenhum filme de jeito a partir daí...
ola harry. eu até gosto do The Beach, agoro o 28 Days e o Sunshine, realmente também não me convenceram. Abraço
Este filme é fabuloso. Provavelmente um dos melhores filmes sobre... escolhas, para além dos óbvios temas da droga e da marginalização social. Ah, também gosto do The Beach, que acho que é extremamente subvalorizado.
Abraço
"Choose life? Why would i do a thing like that, when you have heroin." genial! Abraço Cataclismo
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