segunda-feira, março 29, 2010

Fear and Loathing in Las Vegas (1998)


de Terry Gilliam



FILMES DA MINHA VIDA - XVI

"No point in mentioning these bats, I thought. Poor bastard will see them soon enough. "

Terry Gilliam o visionário autor de obras marcantes, como Brazil ou 12 Monkeys, assina com Fear And Loathing in Las Vegas, o seu filme mais selvagem, alucinante e excessivo. Raol Duke e Dr. Gonzo partem para Las Vegas em busca do sonho americano, com uma mala cheia de todo o tipo de drogas e uma pré-disposição natural para arranjar todo o tipo de situações perigosas e caóticas. Adaptação fiel do mítico livro de Hunter S. Thompson, Fear and Loathing possui um espírito anárquico e psicadélico, onde o excesso dos personagens é acompanhado pela câmara delirante do seu realizador. As grandes angulares de Gilliam, as cores saturadas e surreiais e o ritmo diabólico transmitem toda a loucura e perturbação dos seus personagens assim como do pesadelo por detrás da hipocrisia do sonho americano dos anos 70. A brilhante e hilariante escrita de Thompson casa na perfeição com a câmara de Gilliam, numa adaptação cinematográfica... genial!

Com várias sequências geniais, destaco a entrada de Raol num bar cheio de répteis gigantes, o mergulho de dr. Gonzo numa banheira putrefacta, ou todo o segmento no circo Bazooco. E depois temos aquela que será com toda a justiça uma das melhores duplas interpretativas dos anos 90: Johnny Depp e Benicio Del Toro! Se Del Toro é impressionante e assustador, será exagero dizer que Depp compõe o melhor papel da sua carreira? Não é exagero. Depp supera-se e transfigura-se num papel recheado de maneirismos, tiques e inflexões de voz que entra no lote das grandes representações da história do cinema. Bravo Terry Gilliam que teve a coragem e audácia de levar este projecto para a frente e que assina um dos seus filmes mais provocadores e excessivos. Um filme que entraria facilmente numa lista dos grande filmes malditos da história da 7ª arte.

sexta-feira, março 26, 2010

quarta-feira, março 24, 2010

Os 10 MAIS DA DÉCADA - Nº5

MUNICH
(2005)
de Steven Spielberg

O filme mais profundo, arriscado e desencantado da carreira de Steven Spielberg. Com uma coragem admirável, o realizador mergulha numa questão polémica, perigosa e actual, com o mérito acrescido de focar ambos os lados de forma justa e deixando espaço para o espectador tirar as suas conclusões. Muito mal recebido quer pela comunidade judaica, quer pela árabe, Munique é um thriller de alta voltagem, com ressonâncias de Hitchcock, Pakula e Lumet. Raros são os filmes mainstream actuais, com a coragem ou a vontade de abraçar o cinema político. Munique fá-lo sem concessões mostrando a tragédia, a loucura, a violência e o preço da espiral olho-por-olho. Como nota final, aquele ultimo plano que numa imagem sintetiza toda a mensagem humanista do filme. Sublime!

terça-feira, março 23, 2010

Se Lucas é o pai...Kurosawa é o avô!

O duelo final de Hidden Fortress







General Hyoe Tadokoro / Darth Vader



A cerimónia final de Hidden Fortress


A luta da cantina






O truque do esconderijo no chão em Sanjiro

sexta-feira, março 19, 2010

terça-feira, março 16, 2010

Marnie (1964)


de Alfred Hitchcock


Obra algo polémica e injustamente ignorada na carreira de Hitchcock, Marnie é um excelente complemento a um dos seus filmes maiores, o inesquécivel Vertigo. Repescando a sua heróina loura de The Birds (Tippi Hedren) e tendo Sean Connery como substituto de James Stweart, Hitchcock assina mais um retrato sobre os seus temas recorrentes: a obsessão sexual, a culpa, o amor, identidades falsas, mentiras, traumas e fixações maternais. Esta história de uma atraente ladra, que é aprisionada por uma das suas “vítimas” num jogo de psicanálise e obsessão, é uma reveladora incursão ao lado mais pessoal do mestre do suspense. Marnie é complexo, pois funciona como thriller, história de amor e drama psico-analítico. E é essa amálgama de géneros contraditórios, que lhe dão um sabor estranho e invulgar. Hitchcock parece mais interessado na dinâmica da relação quase sado-masoquista do seu casal de protagonistas e menos no mistério que serve de motor à história. Os resultados dessa abordagem, apesar de desequilibrados, são bastante satisfatórios, pois a fita funciona em diversos níveis permitindo diversas leituras. Connery nunca foi tão ambíguo quanto aqui. E Hedren brilha num papel torturado e difícil apenas ao alcance de uma grande actriz. Marnie possuí ainda uma das mais belas bandas sonoras do mestre Bernard Herrman e este filme assinalou a sua ultima colaboração com o mestre do suspense. Uma obra a ver por todos os aficionados do grande Hitch.

segunda-feira, março 15, 2010

A Bela e o Paparazzo (2010)


de António-Pedro Vasconcelos

António-Pedro Vasconcelos regressa com mais uma das suas histórias assumidamente comerciais e com o objectivo único, de chamar espectadores às nossas salas. É um gesto, que apesar do seu mérito, falha no momento crucial deste tipo de projectos. Ou seja, a Bella e o Paparazzo é um filme que se vê com agrado, tem bons diálogos, um ritmo escorreito e é completamente…vazio! A culpa é da história anémica, do desenlace previsível e das soluções fáceis. O filme tem uma boa surpresa chamada Soraia Chaves, que finalmente tem um papel que lhe permite exibir, mais que as suas generosas curvas, um talento dramático até aqui escondido. Os restantes actores vão bem, apesar do excelente Marco Dalmeida, não parecer, nem adequado, nem à vontade neste tipo de papéis românticos. Destacam-se ainda as presenças de Ivo Canelas, Nicolau Breyner e Nuno Markl, que rouba todas as cenas onde entra e tem direito às melhores deixas. APV nunca pretendeu assinar obras herméticas, como Oliveira e César-Monteiro, mas continua a falhar a ponte. A ponte onde o olhar artístico de um cineasta português, consiga ligar-se ao público que consegue levar à sala, oferendo-lhe um filme de conteúdo, compreensível, original e português. O público continua à espera.

sexta-feira, março 12, 2010

Para a Excelentíssima Sra. Ministra da Cultura

MANIFESTO PELO CINEMA PORTUGUÊS

Nunca como nos últimos vinte anos teve o cinema português uma tão grande circulação internacional e uma tão grande vitalidade criativa. E nunca como hoje ele esteve tão ameaçado.
No mesmo ano em que um filme português ganhou em Cannes a Palma de Ouro da curta-metragem e tantos e tantos filmes portugueses foram vistos e premiados um pouco por todo o mundo, o cinema português continua a viver sob a ameaça de paralisação e asfixia financeira.
Desde há dez anos que os fundos investidos no cinema não cessaram de diminuir: a produção e a divulgação do cinema português vivem tempos cada vez mais difíceis.
E a criação de um Fundo de Investimento (e a promessa de um grande aumento de financiamentos), revelou-se uma enorme encenação que na generalidade só serviu para legitimar o oportunismo de uns tantos.
O cinema português vive hoje uma situação de catástrofe iminente e necessita de uma intervenção de emergência por parte dos poderes públicos e em particular da senhora Ministra da Cultura.
O cinema português - o seu Instituto - ao contrário do que é repetido vezes sem conta, é financiado por uma taxa (3,2%) sobre a publicidade na televisão, e não pelo Orçamento de Estado.
O financiamento do cinema português desceu na última década mais de 30% e a produção de filmes, documentários e curtas-metragens, não tem parado de diminuir.
O Fundo de Investimento no cinema, que era suposto trazer à produção 80 milhões de euros em cinco anos, está paralisado e manietado pelos canais de televisão e a Zon Lusomundo, e não só não investiu quase nada, como muito do pouco que investiu foi-o em coisas sem sentido.

Por isso se torna imperioso e urgente
a) normalizar o funcionamento desse Fundo e multiplicar as verbas disponíveis para investimento na produção de cinema, nomeadamente multiplicando as receitas do Instituto de Cinema, e tornando as suas regras de funcionamento transparentes e indiscutíveis;
b) normalizar a relação da RTP (serviço público de televisão) com o cinema português, fazendo-a respeitar a Lei e o Contrato de Serviço Público, assinado com o Estado Português;
c) aumentar de forma significativa o número de filmes, de primeiras-obras, de documentários, de curtas-metragens, produzidos em Portugal;
d) e actuar de forma decidida em todos os sectores – não apenas na produção, mas também na distribuição, na exibição, nas televisões (e em particular no serviço público), e na difusão internacional do cinema português.

Depois de mais de seis anos de inoperância e desleixo dos sucessivos Ministros da Cultura, que conduziram o cinema português à beira da catástrofe, impõe-se:
1. Normalizar o funcionamento do FICA (Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual) reconduzindo-o à sua natureza original: um fundo de iniciativa pública, tendo como objectivo o aumento dos montantes de financiamento do cinema e da ficção audiovisual original em língua portuguesa e o fortalecimento do tecido produtivo e das pequenas empresas de produção de cinema. E fazer entrar nos seus participantes e contribuintes os novos canais e plataformas de televisão por cabo (meo, Clix, Cabovisão, etc), que inexplicavelmente têm sido deixados fora da lei;
2. Multiplicar as fontes de financiamento do cinema português, nomeadamente junto da actividade cinematográfica, recorrendo às receitas da edição DVD (a taxa cobrada pela IGAC, cuja utilização é desconhecida, e que na última década significou dezenas de milhões de euros); à taxa de distribuição de filmes (que há décadas não é actualizada) e à taxa de exibição. As receitas das taxas que o Estado cobra ao funcionamento da actividade cinematográfica devem ser integralmente reinvestidas na produção e na divulgação do cinema português (produção, distribuição, edição DVD, circulação internacional);
3. Aumentar as fontes de financiamento do Instituto de Cinema, para aumentar o número, a diversidade, a quantidade e a qualidade, dos filmes produzidos. Filmes, primeiras-obras, documentários, curtas-metragens, etc.
4. Apoiar os distribuidores e exibidores independentes, e estimular o aparecimento de novas empresas nesta actividade, de forma a que o cinema português, o cinema europeu e o cinema independente em geral, possam chegar junto do seu público. E apoiar os cineclubes, as associações culturais e autárquicas, os festivais e mostras de cinema, que um pouco por todo o país fazem já esse trabalho;
5. Fazer cumprir o Contrato de Serviço Público de Televisão por parte da RTP, que o assinou com o Estado Português, e que está muito longe de o respeitar e às suas obrigações, na produção e na exibição de cinema português, europeu e independente em geral. E contratualizar com os canais privados e as plataformas de distribuição de televisão por cabo, as suas obrigações para com a difusão de cinema português.

O cinema português, que vale a pena, tem hoje em dia, apesar da paralisia, quando não da hostilidade, dos poderes públicos, um indiscutível prestígio internacional. Os seus realizadores, actores, técnicos, produtores, não deixaram de trabalhar apesar de tudo o que se tem vindo a passar. Está na altura de os poderes públicos assumirem as suas responsabilidades.
É necessária uma nova Lei do Cinema, mas é urgente uma intervenção de emergência no cinema português.

os realizadores
Manoel de Oliveira
Fernando Lopes
Paulo Rocha
Alberto Seixas Santos
Jorge Silva Melo
João Botelho
Pedro Costa
João Canijo
Teresa Villaverde
Margarida Cardoso
Bruno de Almeida
Catarina Alves Costa
João Salaviza

e os produtores
Maria João Mayer (Filmes do Tejo)
Abel Ribeiro Chaves (OPTEC)
Alexandre Oliveira (Ar de Filmes)
Joana Ferreira (C.R.I.M.)
João Figueiras (Black Maria)
João Matos (Terratreme)
João Trabulo (Periferia Filmes)
Pedro Borges (Midas Filmes)

Os signatários
PARA ASSINAR CLICAR AQUI

terça-feira, março 09, 2010

O profeta Cameron


Acerca de Hurt Locker ...
"I think this could be the Platoon for the Iraq War."
JAMES CAMERON

Na mouche mr. Cameron! A Kathryn a repetir o feito de Oliver não lembrava a ninguem. Inteiramente merecido!

segunda-feira, março 08, 2010

Mission Impossible III (2006)

de J.J. Abrams



Com um ritmo frenético a espaços, mas vazio, quer no contéudo quer na forma gasta, este Mission Impossible marca a estreia de J.J. Abraams no mundo do cinema, depois do estrondoso sucesso do seu Lost. Tom Cruise repete o papel do agente secreto Ethan Hunt, acompanho por um elenco luxuoso, onde além de um vilão sub-aproveitado, encarnado por um surpreendente Phillip Seymor Hoffman, se incluem nomes como os de Billy Cudrup, Ving Rhames, Jonathan Ryes Myers e Laurence Fishburne. O problema maior deste filme, parte do guião prevísivel e desinspirado, sendo a película salva a espaços pelo talento de Abrams, especialmente na direcção das cenas de acção. E nesse capítulo, uma nota de mérito para a sequência de resgate onde Ethan luta contra aviões, helícopteros e rockets. Mas MI-III tem clara fraquezas. Em particular a resolução arranjada para solucionar aquele brilhante início. Se a abertura do filme era plena de tensão, violência e desespero, a sua resolução, é cheia de clichés, twists previsíveis e concessões comerciais. No seu geral bem confeccionado, trata-se de um filme que apesar de ter os ingredientes certos, deixa a um sabor a muito pouco e candidato ao filme mais fraco deste franchising.

Os oscars e Sick Boy


Sick Boy: All I'm trying to do is help you understand that The Name of The Rose is merely a blip on an otherwise uninterrupted downward trajectory.
Mark "Rent-boy" Renton: What about The Untouchables?
Sick Boy: I don't rate that at all.
Mark "Rent-boy" Renton: Despite the Academy Award?
Sick Boy: That means fuck all. Its a sympathy vote.

quinta-feira, março 04, 2010

O Cineasta Cinéfilo


Ainda Shutter Island...

"Scorsese elaborou um pequeno currículo de "filmes recomendados". Mark Ruffalo, que interpreta o detective que faz equipa com a personagem de Leonardo di Caprio, revela aos jornalistas presentes que, antes do início da rodagem e dos ensaios, "[recebeu] um embrulho do Marty com um documentário chamado ‘Titicut Follies'" - o célebre (e infame) documentário de 1967 de Frederick Wiseman sobre um hospital psiquiátrico do Massachusetts, que serviu, segundo o actor, como "ponto de referência" directo da cenografia de Dante Ferretti e do ambiente que se vive no hospital onde "Shutter Island" decorre. "Vimos ainda um documentário de John Ford que mostrava soldados a regressarem da II Guerra completamente destruídos, e ainda filmes negros como ‘Laura' [Otto Preminger, 1944] e ‘O Arrependido' [Jacques Tourneur, 1947], ao qual aliás fomos buscar uma série de diálogos que depois acabaram por não entrar no filme. De um lado, tínhamos o artifício destes filmes negros totalmente estilizados, e do outro a realidade social." "

IN IPSILON

quarta-feira, março 03, 2010

Wall Street 2 - Trailer

Será que é desta que Oliver Stone volta a têr um par de tomates? É que o W. e o WTC foram maus demais para um cineasta com este curriculum. Veremos. Aqui fica o trailer com um dos seus grandes personagens de volta à tela: mister Gordon "greed is good" Gekko.

terça-feira, março 02, 2010

Shutter Island (2010)

de Martin Scorsese



O que Martin Scorsese consegue fazer com o seu último filme, é mais uma prova da sua enorme mestria (e cinéfilia) cinematográfica. Pegando num guião engenhoso, mas com uma primeira parte banal, Scorsese assina com Shutter Island, um dos seus filmes mais labirínticos e perturbadores. Esta história de uma dupla de detectives que buscam um paciente mental desaparecido de um asilo de loucos, poderia descambar para um daqueles corriqueiros thrillers, onde o mistério e os clichés abundam. Nas mãos do mestre, esta matéria prima é elevada e dirigida para as suas temáticas predilectas. E o que é admirável, é vêr todos os temas da sua carreira lá bem vincados e complementando a narrativa de Shutter Island. A paranóia de Raging Bull e Goodfellas, a loucura de Taxi Driver e The Aviator ou (surpreendentemente) a tragédia sacrificial de Last Temptation Of Christ. Tal como todos os (anti) heróis scorsesianos, o Teddy Daniels assombrosamente encarnado por Di Caprio, é um personagem torturado e assombrado, que deverá percorrer um calvário até a verdade sobre si mesmo sêr-lhe revelada. E sem querer estragar o final, Shutter Island brilha intensamente quando abraça os caminhos do filme de personagem, e menos durante aquela primeira hora onde o sabôr a deja vu não nos larga. Seja como fôr, temos aqui um dos filmes do ano, que infelizmente não estreou a tempo para figurar nos Oscars que aí vêm.

segunda-feira, março 01, 2010

Sublime


"Mais vale morrer como um homem bom, que viver como um monstro."

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