No cinema de guerra existe o pré The Thin Red Line e o após The Thin Red Line. E uma coisa é certa, nunca Hollywood fez um filme de guerra tão singular, idiossincrático e rico. Este é daquelas fitas que a cada visionamento melhora e melhora e melhora cada vez mais tal é a sua riqueza temática e cinematográfica. O responsável deste milagre é um senhor chamado Terrence Malick, o cineasta que em 20 anos de carreira assinou aqui o seu terceiro filme. E que filme! The Thin Red Line aborda os clássicos temas do género de guerra e segue um grupo de recrutas americanos que tentam tomar um monte ocupado pelo inimigo japonês na batalha de Guadalcanal. Esses soldados são interpretados por um elenco de estrelas como raramente se viu (e merecem especial destaque Nick Nolte, Elias Koteas e o estreante Jim Caviezel no pele do espiritual Witt). E se Mallick e o seu director de fotografia John Toll filmam as batalhas com um fulgor e visceralidade empolgantes, não é aí que reside o trunfo maior desta película.
O que Malick nos propõe é o mergulho nos pensamentos e na essência dos seus soldados, através das suas variadas vozes em off, transportando-nos ao seu mundo interior reflexivo, espiritual e emocional. Os seus personagens questionam o papel do homem na natureza, a essência violenta da guerra, a sua própria desumanização ou pura e simplesmente o sentido da vida. Teologia funde-se num cenário de morte, onde os vários planos da natureza e da vida selvagem de Guadalcanal sugerem o olhar de Deus perante a insanidade da sua criação…o Homem. Isto tudo acompanhado por uma montagem brilhante criando um ritmo hipnótico que prende o espectador desde o 1º segundo. Junte-se lhe o dom de Malick para a composição de imagens marcantes e a banda sonora sublime de Hans Zimmer (a sua melhor?), e temos um filme transcendental. Scorsese chamou-lhe o 2º melhor filme dos anos 90, para mim é o 1º melhor filme dos anos 90 e o melhor filme de guerra de sempre. Genial? Não é mais que isso. The Thin Red Line é celestial…
2 comentários:
Não podia concordar mais. Um puro pedaço de arte onde a natureza é a maior protagonista e a derradeira vencedora de qualquer guerra. 5*
Cumps.
Roberto Simões
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Nem mais roberto!
abraço
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