quarta-feira, dezembro 26, 2007

CineBalanço 2007

Extremamente subjectiva como são todas as listas, mas mesmo assim creio ser um apanhado justo das alegrias e desilusões dos filmes que descobri neste ano que finda.
OS 10 MAIS:

Palombella Rossa (1989) Nanni Moretti
Sátira inspirada e delirante, com o surreal de moretti a vir ao de cima, num jogo de polo intervalado por lunáticos políticos, canções de Bruce Springsteen e o Doutor Zhivago. Brilhante!

Grizzly Man (2006) Werner Herzog
Documentário sui generis, (re)construído a partir dos vídeos de um personagem-limite como só Herzog consegue mostrar. Arrepiante e comovente ao mesmo tempo.

Elephant (2003) Gus Van Sant
A justeza e o distanciamento da câmara de Van Sant, fazem deste, um dos filmes essenciais do cinema moderno. Manipulação do tempo, espaço e pontos de vista, executados de forma magistral.

Tarde Demais (2000) José Nascimento
Um filme atípico no pasmante panorama nacional. Servido por 4 grandes interpretações, com uma fotografia deslumbrante e um realismo que marca e fere. Um filme injustamente esquecido!

Lisboetas (2005) Sergio Trefaut
Documentário com uma abordagem única a um tema actual e pertinente. Nunca recorrendo a sentimentalismos fáceis, tem um dos grandes finais a que já pude assistir num filme.

Death Proof (2007) Quentin Tarantino
Regresso do génio louco ao território da série B. Tarantino divertiu-nos (e divertiu-se) na desconstrução de todos os clichés do género, numa abordagem cartoonesca completamente delirante.

Children of Men (2006) Alfonso Cuaron
Os seus planos-sequência irão concerteza ficar na história do cinema. Mais que o guião ou os actores, a realização de Cuaron é a estrela do filme, numa abordagem com tanto de díficil, como de brilhante. Hitchcock teria orgulho.

La Messa é Finita (1985) Nanni Moretti
O lado mais negro e dramático de Moretti, que mais tarde voltaria com La Stanza Del Figlio. Apesar de alguma comédia ligeira lá estar, este é um dos seus filmes mais incómodos e magoados. Portanto um dos seus melhores!

Bianca (1983) Nanni Moretti
Outro filme brilhante do génio italiano. Fusão entre policial e comédia dramática, é um dos seus filmes mais acessíveis e ao mesmo tempo mais desconcertantes.

American Psycho (2000) Marry Harron
Frio, distanciado e implacável. A revelação que foi a monstruosa interpretação de Christian Bale numa sátira inspirada, que critíca ferozmente o consumismo e artificialismo dos 80's. Um filme choque e marcante.

Destaque também para as grandes desilusões que foram:
OS 3 MENOS:

O Caimão (2007) Nanni Moretti
Comédia dramática excessivamente politizada, que parece ter sido realizada por um qualquer realizador mediano. O filme mais anémico da carreira de Moretti.

The Fountain (2007) Daren Aranofsky
Uma grande confusão de temas aliada a pretensões metafísicas que sinceramente não me convenceram. Safa-se um Hugh Jackman fenomenal, mas após o brilhante Requiem for a Dream, sabe a muito pouco.

World Trade Center (2006) Oliver Stone
Um filme conformista, patriótico (no mau sentido) e aborrecido. Podia ter sido realizado por um tarefeiro de telefilmes, que o resultado seria o mesmo. Para mim a desilusão do ano.

sábado, dezembro 22, 2007

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Finalmente!


Este é o presente de natal que este ano ofereço a mim mesmo.
Com 3 comentários áudio e um documentário sobre a feitura do filme (com a duração de 3horas!).
Portanto fãs desta obra-prima, agarrem nos 19.95€ e tudo a correr para a FNAC.
Aproveito para desejar um feliz Natal (recheado de prendas deste calibre) a todos os visitantes e amigos blogueiros.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Globos de Ouro 2007

Best Motion Picture - Drama
American Gangster
Atonement
Eastern Promises
The Great Debaters
Michael Clayton
No Country For Old Men
There Will Be Blood

Best Director - Motion Picture
Tim Burton – Sweeney Todd
Ethan Coen, Joel Coen – No Country For Old Men
Julian Schnabel – The Diving Bell And The Butterfly
Ridley Scott – American Gangster
Joe Wright – Atonement

Best Screenplay - Motion Picture
Atonement
Written by Christopher Hampton
Charlie Wilson's War
Written by Aaron Sorkin
The Diving Bell And The Butterfly
Written by Ronald Harwood
Juno
Written by Diablo Cody
No Country For Old Men
Written by Ethan Coen, Joel Coen

Best Performance by an Actress in a Motion Picture - Drama
Cate Blanchett – Elizabeth: The Golden Age
Julie Christie – Away From Her
Jodie Foster – The Brave One
Angelina Jolie – A Mighty Heart
Keira Knightley – Atonement

Best Performance by an Actor in a Motion Picture - Drama
George Clooney – Michael Clayton
Daniel Day-Lewis – There Will Be Blood
James McAvoy – Atonement
Viggo Mortensen – Eastern Promises
Denzel Washington – American Gangster

Best Motion Picture - Musical Or Comedy
Across The Universe
Charlie Wilson's War
Hairspray
Juno
Sweeney Todd


Best Performance by an Actress in a Motion Picture - Musical or Comedy
Amy Adams – Enchanted
Nikki Blonsky – Hairspray
Helena Bonham Carter – Sweeney Todd
Marion Cotillard – La Vie En Rose
Ellen Page – Juno

Best Performance by an Actor in a Motion Picture - Musical Or Comedy
Johnny Depp – Sweeney Todd
Ryan Gosling – Lars and the Real Girl
Tom Hanks – Charlie Wilson's War
Philip Seymour Hoffman – The Savages
John C. Reilly – Walk Hard: The Dewey Cox Story

Best Performance by an Actress In A Supporting Role in a Motion Picture
Cate Blanchett – I'm Not There
Julia Roberts – Charlie Wilson's War
Saoirse Ronan – Atonement
Amy Ryan – Gone Baby Gone
Tilda Swinton – Michael Clayton

Best Performance by an Actor In A Supporting Role in a Motion Picture
Casey Affleck – The Assassination Of Jesse James By The Coward Robert Ford
Javier Bardem – No Country For Old Men
Philip Seymour Hoffman – Charlie Wilson's War
John Travolta – Hairspray
Tom Wilkinson – Michael Clayton

Best Original Score - Motion Picture
Grace Is Gone
Composed by Clint Eastwood
The Kite Runner
Composed by Alberto Iglesias
Atonement
Composed by Dario Marianelli
Eastern Promises
Composed by Howard Shore
Into The Wild
Composed by Eddie Vedder, Michael Brook, Kaki King

The Good Old Vice

Episódio: To Have And To Hold (5ªtemporada)
Memórias das oportunidades perdidas, com uma grande faixa de Chris de Burgh a acompanhar.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Honestidade cinematográfica

"Haverá sempre, como nesse filme com o Ventura, um oceano entre eu e ele, eu não poderei jamais passar para o lado dele, eu não saberia atravessar esse oceano para passar para o lado dele, e nem quero, acho que é mais interessante contar com esse abismo, esse silêncio, de uma pessoa de uma outra classe social que a minha, eu não nasci naquela classe, não tive a mesma vida que ele...Ventura dizia isso todos os dias, quase sem dizer : “nós estamos aqui fazendo um filme sobre mim, sobre o meu passado, mas você nunca saberá o que eu sofri”.E eu não posso sequer imaginar o que ele sofreu. Eu não posso representar o que ele sofreu, ou lutou, e ganhou. Eu nunca poderei ser ele. Portanto, essa distância no cinema é visível, sempre foi, para o bem e para o mal."

Podem ler a versão integral, desta reveladora entrevista a Pedro Costa, no excelente The Last Picture Show

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Juventude em Marcha vence prémio dos críticos de L.A.

Foi premiado esta noite com o prestigiante prémio de melhor filme independente/experiental a obra Juventude em Marcha, de Pedro Costa. Além do prestígio que traz, este prémio representa a merecida consagração do seu talentoso realizador. Muitos Parabéns!

Filmes da Minha Vida - V

Autoretrato narcisista para alguns. Obra de arte corajosa, original e única para outros. No meu caso revejo-me na 2ª posição. Dívidido em 3 segmentos (Vespa, Ilhas e Médicos) Caro Diario é um retrato fascinante e surpreendente ao lado pessoal, emocional e intelectual de um dos maiores nomes do cinema mundial. O 1º segmento está cheio de referências incontornáveis na memória deste cinéfilo. Os passeios de Moretti por uma Roma deserta ao som de Leonard Cohen, ou a visita a um desolado monumento dedicado a Pier Paolo Pasolini ao som de Keith Jarret. Vespa é o capítulo mais sensorial. O 2º segmento é uma sátira à sociedade italiana, abordando um tema recorrente na obra de Nanni Moretti, a incomunicabilidade (magníficamente representada pelas ilhas em questão) Ilhas é o capítulo cómico e satírico. A 3º e último segmento, é o meu favorito dos 3. Médicos, é um retrato cómico e ao mesmo tempo comovente, da odisseia que Moretti viveu na realidade, ao tentar descobrir a origem de uma misteriosa doença que o afligiu durante um ano. Neste segmento temos uma 1ª cena em que Moretti se filma numa situação real e em que partilha directamente com o espectador um momento verdadeiramente doloroso. Médicos é o capítulo mais pertinente e emocional. Uma obra hilariante, dramática, sensível e poética. Um filme que revejo vezes sem fim e que é uma verdadeira fonte de inspiração.

Passagem de testemunho

domingo, dezembro 09, 2007

Groundhog Day (1993)

de Harold Ramis

Imagine que acordava todos os dias à mesma hora, com a mesma música no rádio, no mesmo local e no mesmo dia do ano, vendo sempre as mesmas pessoas envolvidas exatamente nas mesmas situações dia após dia. A início a situação leva-o à incredulidade, depois ao desespero que o conduzem às tentativas de suicídio. Mais tarde à ocorre-lhe manipular os outros à sua volta, mas por fim acaba por descobrir sentimentos que desconhecia: a compaixão e finalmente, o amor.

A partir desta original permissa, Harold Ramis (o Egon dos Ghostbusters), assina uma das mais inventivas e brilhantes comédias dos anos 90. A sua realização discreta mas eficaz q.b., potencializa ao máximo e em igual medida, os elementos cómicos e dramáticos da inverosímil situação do protagonista. A mão de Ramis, nunca treme, contando a história de uma forma tão dinâmica e suave que o espectador é agarrado desde o primeiro segundo, nas história que se desenrola. A culpa é tambem repartida pelo magnífico guião, que de uma trama única, cria uma série de conflitos (interiores e exteriores) ora cómicos ora dramáticos ao personagem do magnífico Bill Murray.

Muito antes de Wes Anderson, ou Sofia Coppola, descobrirem a sua faceta mais dramática, foi neste Groundhog Day, que Murray começou a revelar o seu lado mais melancólico. É extramente credível a angústia existencial que o seu papel transmite sem recurso a tiques ou excessos, mas sim de uma forma subtil e talentosa.

Em suma, um dos filmes mais originais que sairam de Hollywood, e que com o tempo acabou por ganhar um merecido estatuto de filme de culto.

Momento Sublime

Um dos momentos mais comoventes e obcessivos de La Stanza Del Figlio. As palavras não são necessárias para transmitir a dôr que esta cena emana. Basta aqueles olhares, a montagem e a sublime música de Michael Nyman.

Um grande momento de Moretti

quinta-feira, dezembro 06, 2007

domingo, dezembro 02, 2007

Votação Nova Vaga Americana - resultados


1º Paul Thomas Anderson 10 (41%)

2º Sofia Coppola 8 (33%)
3º Quentin Tarantino 5 (20%)
4º Wes Anderson 1 (4%)
5º Alexander Payne 0 (0%)

Aqui fica um exemplo do génio e mestria deste cineasta brilhante. Esta é uma das minhas cenas favoritas do magnífico Boogie Nights. Plena de uma tensão desconcertante, de um humor delirante e de um desespero latente no excelente Mark Walberg.

Espero que gostem!

Más-Linguas? Tomem! E assim sucessivamente...

quarta-feira, novembro 28, 2007

Filmes da Minha Vida - IV


Entretenimento? Sim. Escapista? Definitivamente! Ocasionalmente inverosímil? Sem dúvida. Mas afinal de contas não é isso que por vezes nos leva ao cinema? Exemplo máximo da qualidade que pode emergir do cinema-pipoca, este é daqueles filmes em que a mão e a originalidade do seus criadores (Spielberg e Lucas), levam o espectador numa montanha-russa de emoções, através de personagens bigger than life, em aventuras que sucedem num ritmo verdadeiramente halucinante. Além da virtuosa realização de Spielberg (recheada de citações cinéfilas), ou da magnífica representação de Harrisson Ford (no papel que o inscreve nas grandes figuras da história de cinema), ou ainda da inesquécivel banda sonora do maestro John Williams, Raiders of the Lost Ark, é um marco na história do cinema. Com tanto de comercial como de artístico, um filme brilhante e incontornável. Até para o mais sisudo dos cinéfilos.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Diálogos que ficam

"Guy. Gets on a subway. Dies.Think anybody'll notice? "

Saudades


quinta-feira, novembro 22, 2007

Filmes da Minha Vida - III


Mais que o filme que marca o encontro entre dois monstros do cinema, Pacino e De Niro (no Godfather 2 nunca chegam a contracenar), este é dos poucos policiais que consegue transcender os limites do seu género. Os seus personagens são retratados de uma forma profundamente real e humanista, e ao mesmo tempo impregnadas de um fatalismo, que eleva o filme a níveis sublimes. A câmara de Michael Mann (esse grande grande cineasta tão subvalorizado) nunca esteve tão inspirada, aguerrida e ao mesmo tempo poética. Planos de um deslumbre visual total (a sequência de De Niro e Amy Brennan contemplando as mil luzes de LA é daquelas que fica gravada na memória), direcção de actores impressionante (especialmente De Niro no seu último grande papel) e uma banda sonora electrónica perfeita (como é marca do cinema de Mann). Um filme que vejo e revejo vezes sem conta, e onde descubro sempre algo de novo. Heat é realmente uma obra-prima moderna!

quarta-feira, novembro 21, 2007

As bandas sonoras favoritas de 8 ilustres senhores

Olivier Assayas
  • "With not a second of hesitation David Mansfield's music for Heaven's Gate (1980). Its the one movie soundtrack that I can listen to on its own. And then it's also the very soul of this film. Somehow it embodies everything the movie is reaching for, especially a heartbreaking sense of time passing. I remember the catch line on the poster, it went something like (I'm not sure of the precise wording) what one loves in life is things that fade. Usually this is stuff to make fun of, in this case it was pure poetry to me. And exactly what Mansfield's soundtrack is about.”
Francis Ford Coppola
  • "The Thief of Baghdad (1940), also, Spellbound (1945)- - the same composer, actually. They are just memorable, seemed to catch the essence of the film. But there are many great ones. I thought the recent work of John Williams on Catch Me If You Can (2002), was a great score, wonderful orchestration...really helped the film work very well."
Alex Cox
  • "A film called The Big Silence (1968), directed by Sergio Corbucci with music by Ennio Morricone. It's completely different from everything else that he did."
Sidney Lumet
  • "The music for The Godfather and The Godfather Part II (1972, 1974). Aside from the brilliant casting of actors we fall in love with, nothing provided a source of identification with the characters more than the score. Music should always reflect something that is not present in the rest of the movie. Here, the score provided a heartfelt loss of innocence, a yearning for a simpler yet more desperate time for that family. It kept the family's unspoken wish for itself alive."
Fernando Meirelles
  • "I find Paul Thomas Anderson's way of using music in his films extraordinary. Usually he doesn't cut the music in to pieces; he uses the entire piece, and mixes it with the dialogs in a loud level. I don't know any other director who has the courage to do this. It works very well. The soundtrack I like best, from all of his films, is the one from Punch-drunk Love (2002)."
Alan Parker
  • "In recent times I liked Clint Mansell's score for Requiem for a Dream (2000), which still hangs in my head. It's haunting and powerful as it subliminally tweaks at your nerve-ends - viscerally ratcheting up the emotional stakes from bar to bar and shot to shot."
Martin Scorsese
  • "A big question. There are so many, and they all work so differently – from a big, beautiful score for full orchestra like Jerome Moross' for Wyler's The Big Country (1958) or David Raksin's for Force of Evil (1948), to a more modern score with very spare instrumentation, like Giovanni Fusco's for L'Avventura (1960) or Hans Werner Henze's for Resnais' Muriel (1963). I suppose that if I were hard-pressed to answer this question – and I suppose I am – I'd have to say Bernard Herrmann's score for Vertigo (1958). Hitchcock's film is about obsession, which means that it's about circling back to the same moment, again and again. Which is probably why there are so many spirals and circles in the imagery – Stewart following Novak in the car, the staircase at the tower, the way Novak's hair is styled, the camera movement that circles around Stewart and Novak after she's completed her transformation in the hotel room, not to mention Saul Bass' brilliant opening credits, or that amazing animated dream sequence. And the music is also built around spirals and circles, fulfilment and despair. Herrmann really understood what Hitchcock was going for – he wanted to penetrate to the heart of obsession."
Wim Wenders
  • "My all-time favourite soundtrack is Miles Davis' score to Louis Malle's 1958 masterpiece Lift to the Scaffold. What I like(d) so much about it, was its spontaneity. Miles Davis apparently just stood in front of the screen and played along to the film. Utterly cool."

Estas são as deles. A minha provavelmente será Dances With Wolves de John Barry. E vocês?

terça-feira, novembro 20, 2007

Inveja de cineasta ?

Coppola numa entrevista à revista Empire referindo-se acerca de Scorsese:

"He's making movies because he needs to make a certain amount of money because he has a big family and many previous wives."

Será que sou só eu, ou o senhor Coppola está com uma grande dose de dôr de corno? Tendo em conta que Scorsese foi dos poucos a manifestar-se contra Youth Without Youth, é fácil deduzir de onde vêm esta palavras...

Votação Corrupção - Resultados


O resultado da sondagem "Corrupção é um filme que faz falta ao cinema português?" foi ... NIM
(SIM - 8 votos)
(Não - 8 votos)

segunda-feira, novembro 19, 2007

Filmes da Minha Vida - II


Uma verdadeira proeza este filme mágico. Realizado, produzido e interpretado por Kevin Costner, que teve aqui o pico da sua carreira. Esta história de um homem que foi à procura da fronteira e acabou por se descobrir a si próprio, é um dos mais líricos e mais belos westerns da história. A evolução de John Dunbar até se converter em Danças com Lobos, é uma viagem fascinante. Belíssimas imagens, sequências inesquéciveis (aquela caça ao bufallo ou o inesperado e dramático final), representações fortes e especialmente uma banda sonora recheada de melodias sublimes, assinada pelo mestre John Barry, que para mim é capaz de ser uma das mais perfeitas conjugações entre música e imagem a que alguma vez assisti. Um filme intemporal e de forte pendor humanista! Magnífico!

domingo, novembro 18, 2007

War of The Roses (1989)

de Danny De Vito


Oliver (Michael Douglas) e Barbara Rose (Kathleen Turner), tinham tudo para ser felizes. Dinheiro, sucesso profissional, dois filhos que prometem seguir as pisadas e uma casa de sonho. Mas no dia em que Oliver tem um suposto ataque cardíaco, Barbara confessa-lhe que já não o ama e pede-lhe o divórcio, exigindo-lhe apenas ficar com a casa em troca. Oliver recusa e a guerra começa.

Mais que um Mr. E Mrs. Smith, aqui a guerra é total. Nesta comédia muito negra vale tudo: da destruição de mobília, à matança de animais de estimação, ou a rega de um peixe para jantar, com um condimento muito duvidoso. Os Rose são implacáveis, e na sua selvagem batalha, não há lugar para prisioneiros. Das situações de discussão do dia a dia, assistimos a uma escalada no conflito que rapidamente entra no reino do puro nonsense, mas nunca caindo no tom de cartoon. Aqui o nonsense é cruel e negro.

Danny De Vito, assina aqui um filme único e o seu melhor enquanto realizador. Esta comédia negra não faz concessões nem tratados de paz. A guerra vai até às ultimas consequências, como o magnífico final demonstra de forma cruel e violenta. E esse lado selvagem deve-se à inspirada realização de De Vitto (com muito de Hitchcokiano), ao divertidíssimo guião de Michael Leeson, à fantástica fotografia de Stephen Burum (colaborador habitual de De Palma) e last but not least, ao fantástico par de protagonistas. Michael Douglas e Kathleen Turner, que têm uma química única e fora de série.
Uma das comédias mais negras e mais divertidas de todos os tempos!

Letters From Iwo Jima (2006)

de Clint Eastwood


O segundo filme de Clint Eastwood sobre a batalha de Iwo Jima. Desta vez abordando o lado derrotado do conflito, o japonês. Letters From Iwo Jima, é um filme de guerra, mas mais que isso, é um filme sobre a derrota. Os soldados nipónicos, pressentem logo de início que aquela, será uma batalha perdida à partida, mas o seu código de honra e a sua dedicação à mãe pátria impele-os a ficar e enfrentar a morte.

Este prenúncio de morte, está omnipresente na primeira parte, revelando-se com toda a sua crueza na segunda metade do filme. É de louvar a opção de Eastwood, de mergulhar fundo na mentalidade que está por detrás de seres humanos que preferem a morte à desonrra da derrota. E é de seres humanos que o filme de Eastwood se trata. Um pouco à maneira do superior The Thin Red Line, aqui, o realizador mostra o lado do homem por detrás do soldado, recorrendo a flashbacks particularmente eficazes, que criam a empatia necessária com os personagens.

A crueldade da guerra, não escolhe lados, e na visão justa de Eastwood, não há lugar para maniqueísmo primários. Tanto os japoneses como os americanos, têm elementos nas suas fileiras que são capazes da maior das desumanidades (o oficial japaonês que ordena o suícidio dos seus homens, e os americanos que assassinam os prisioneiros de guerra). Mas a justiça da camara de Eastwood, revela também um lado humano tocante. Particularmente na figura do general magistralmente interpretado por Ken Watanabe, ou na figura do jovem padeiro que prometeu regressar, custe o que custar, para a sua mulher e o seu filho por nascer. Estes personagens, demonstram de forma trágica a barbárie da guerra, e da loucura que esta prossupõe.

Além da mão segura de Eastwood, ou das excelentes interpretações do elenco, é de destacar a fotografia de Tom Stern, que com as suas imagens esbatidas e praticamente vazias de côr, dão o tom sombrio e fúnebre, perfeitamente adequado à trágica história que contam.

Um filme que obriga a reflectir sobre a natureza e a crueldade da guerra.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Scorsese e a Violência

Yeh, that comes up a great deal whenever people mention a Martin Scorsese film. People talk about the violence, but if you look at the films that I've made, the world's that we are depicting in these pictures, Mean Streets for example; they're very very violent. The rules are enforced by the violence of that society. Even with Alice Doesn't Live Here Anymore which is about a different area, there is a scene where Ellen Burstyn's character is beaten up by her husband. [Harvey Keitel] Now that's a scene in which violence is shown negatively, it's shown that she doesn't want to be with a person like that and surrounded by violence, so she leaves town. Then Taxi Driver, you're dealing with, again, a very violent milieu and then Raging Bull, here's a man who's life and his job in life is to go into a ring and hit people and get hit and then he comes home and he expresses himself in the same way. He expresses himself through violence. And so, I think because violence figures so prominently in these worlds that I depict, I guess the question is why am I attracted to these worlds?

quarta-feira, novembro 14, 2007

Grizzly Man (2005)

de Werner Herzog


Werner Herzog, sempre foi atraído por histórias com heróis à margem da sociedade. Os seus cinco filmes com esse monstro de seu nome Klaus Kinski, são bons exemplos do tipo de histórias que fascinam o realizador. Não é portanto de estranhar quando se viu o seu nome, na ficha da realização deste magnífico documentário sobre um ambientalista que se isolou durante 13 Verões nas paisagens naturais do Alaska. Com o objectivo de registar o dia a dia dos perigosos ursos pardos, o ambientalista e a sua namorada tiveram um fim trágico acabando por ser devorados vivos pelos animais a que Treadwell tinha dedicado a sua vida. Mas antes Timothy Treadwell registou mais de 100 horas de imagens únicas.

Partindo desta história fascinante, Herzog lança-se de forma apaixonada, a descobrir quem era aquele ex-actor, ex-alcoólico, alienado e em conflito com a sociedade e que se tinha reinventado como defensor e observador desses perigosos animais selvagens, num local igualmente selvagem. As imagens de Treadwell tinham um caracter claramente maniqueísta, simplista e ingénuo, mas ao mesmo tempo imbutidas de uma inegável beleza, tal era o espectáculo natural que registavam. Treadwell, via-se como o único defensor daquelas criaturas. Herzog apesar da óbvia simpatia que sente pelo seu protagonista, não hesita em divergir dos pontos de vista naifs de Treadwell e explicar os seus, bem mais nilistas e pessimistas. Para Treadwell, a natureza possuiu uma harmonia, que se balança a si própria, sendo o homem o elemento a mais. Para Herzog, a natureza, não é harmoniosa, mas sim caótica, onde na sua teoria, quando a fome aperta, um urso não hesita duas vezes, antes de devorar um homem que o defendia de tudo e de todos. Os factos deram razão a Herzog.

É precisamente essa divergência de visões do mundo entre os dois cineastas (sim porque grande parte do filme vive das imagens filmadas por Treadwell), que torna ocasionalmente, Grizzly Man um objecto fascinante como há muito eu não via. Isso e a revelação da perturbada personalidade de Treadwell, que apesar de tentar construir uma personna aventureira e idealista, nas mãos de Herzog, acaba por revelar um lado muito mais negro. Muito mais que o conceito inicial das suas imagens pretendia. Herzog mostra todo o poder da sua montagem, e ao decidir não fazer o corte em momentos aparentemente banais, como Treadwell a encenar para a câmara a conclusão de mais uma época de observação, revela subitamente uma personalidade maníaca e psicótica, mas ao mesmo tempo estranhamente comovente.

Recheado de momentos variados, uns de uma riqueza visual deslumbrante, outros assustadores e outros simplesmente tocantes. Este é um retrato de um indivíduo perturbado, que tal como Herzog, não se revia na sociedade, encontrando finalmente a paz, no meio dos animais selvagens.

Um documentário essencial e inesquécivel.

Fatal Atraction (1987)

de Adrian Lyne


Datado do ja longínquo 1987, Fatal Atraction, foi o filme do ano na altura. Não só no box-office, mas também na polémica e no debate que abriu sobre as relações extra-conjugais. De certa forma esta intenso thriller, pode ser considerado uma alegoria sobre a Sida, uma vez que a aventura de uma noite de Michael Douglas, praticamente destroi-lhe a sua família. Mas aparte esse tendor simplista, esta obra é um marco no cinema dos anos 80, sendo dos poucos thrillers a conseguir uma nomeação para melhor filme nos Oscars de Hollyood.

Glenn Close e Michael Douglas, incendeiam o ecrã com uma quimica tórrida e cenas de sexo intensas e escaldantes (para a altura). Close vai particularmente bem, conseguindo alternar a loucura latente da sua personagem, com uma fragilidade tocante que vem ao de cima de forma particularmente subtil. Ela é, por mérito seu e do seu realizador, uma das grandes vilãs, da história do cinema, podendo ombrear sem problemas com outros monstros como Hannibal Lecter, ou John Doe. Douglas vai seguro e não compromete, no papel do homem comum que num momento de luxuria, se deixa arrastar para um pesadelo que não estava nos seus planos. Quanto a Anne Archer, no papel de esposa traída, também vai segura, emanando uma beleza, simples e desarmante, conjugada com uma força interior que será fulcral para o final da história.

Adrian Lyne, realizador de clássicos como 9 ½ Weeks, ou do muito substimado Jaccob’s Ladder, tem uma mão segura, e particularmente inspirada. Sem os excessos estílisticos que o caracterizam, Lynne, aposta claramente nos personagens e na história, em detrimento de um certo floreado visual de outros filmes, e isso só dá mais força a Fatal Atraction. Com uma camara fluída e certeira, Lynne cria vários momentos inesquéciveis com a ajuda dos seus colaboradores, sendo de destacar o seu montador, o genial Michael Kahn (braço direito inseparável de Spielberg).

Um thriller inteligente e provocador, com grandes interpretações e um realizador inspirado. Um clássico a redescobrir.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Filmes da Minha Vida - I


Um filme muito á frente do seu tempo. Temas como racismo, obcessão e solidão, num Western único, dirigido magistralmente pelo maior mestre do cinema clássico, o mítico John Ford. Fotografado de forma deslumbrante e com uma carga emocional avassaladora. Não é por acaso que é o filme favorito de senhores como Scorsese, Lucas, Leone, Spielberg, Lean, Millius ou Tarantino. Além disso, John Wayne compõe um Ethan Edwards, ambíguo e anti-heróico, revelando o grande actor que era. Apetece mesmo citar John Millius: "quem diz que John Wayne não sabe representar é porque nunca viu The Searchers".

quarta-feira, novembro 07, 2007

10 anos de Razzies

Uma pequena lista com os vencedores na categoria de pior filme do ano em Hollywood

1996 Striptease de Andrew Bergman
1997 The Postman de Kevin Costner
1998 An Alan Smithee Film: Burn Hollywood Burn de Alan Smithee
1999 Wild Wild West de Barry Sonnefeld
2000 Batlefield Earth de Roger Christian
2001 Freddy Got Fingered de Tom Green
2002 Swept Away de Guy Ritchie
2003 Gigli de Martin Brest
2004 Catwoman de Pitof
2005 Dirty Love de John Mallory Usher
2006 Basic Instinct 2 de Michael Caton Jones

quarta-feira, outubro 31, 2007

Votação Irmãos Coen - Resultados

Pela primeira vez nas sondagens do Grandes Planos houve um empate técnico. Mas parece-me um empate justo. Pois se um é uma pérola perfeita de comédia desparafusada, provocadora e hilariante, o outro é uma pérola perfeita de um filme noir, sombrio, complexo e belíssimo.

TOP COEN

Millers Crossing (1990)

The Big Lebowski (1998)

Obrigado a todos os que participaram.

terça-feira, outubro 30, 2007

Top 5 - Cinema de Oliver Stone

5º - Born On the 4th of Jully.

O filme mais trágico de Stone até à data. Um retrato dramático e revoltado, com uma grande história e um fortíssimo contéudo político, histórico e social. Magnífica realização, Tom Cruise no papel da sua vida e uma inesquécivel banda sonora de John Williams.

4º - Natural Born Killers.

O filme bomba de uma década. Está para os anos 90 como A Clockwork Orange para os anos 70. Inovador, iconoclasta e subversivo, NBK é uma inteligente e bombástica sátira à violência na sociedade e no cinema. Escrito por Tarantino e reescrito por Stone. Genial!

3º - JFK.

O filme polémico. A revista a um dos momentos mais traumáticos da história norte-americana: o assassinato de John F. Kennedy. Visualmente frenético, com uma pulsão imparável, Stone deixa no ar a possibilidade de uma conspiração nas mais altas esferas do governo americano estar por detrás do assassinato do malogrado Kennedy (o que lhe valeu uma injusta fama de maluquinho das conspirações). Independentemente disso, há inteligência e talento q.b., de um genial cineasta que tem em JFK um dos seus mais belos filmes. Destaque para Kevin costner num grande papel.

2º - SALVADOR.

O filme revelação. Mergulho na torturada América Latina, e na guerra civil em El Salvador. James Woods (genia e nomeado para Oscarl) e James Belushi, são o par de escroques, alcoólicos, sexistas e vulgares, que em busca de mulheres fáceis e bebida barata, acabam por se deparar com um verdadeiro genocídio apoiado pelo governo norte-americano de Reagan. Com um humor selvagem e com cenas de uma brutalidade chocante (e por vezes tocante) Salvador, é dos filmes mais emocionais e directos de Stone. Ou seja: um dos seus melhores.

1º - PLATOON.

O filme sucesso. Fortemente autobiográfico, retrato impiedoso, cruel e realista da guerra do Vietname, (onde o próprio Stone combateu). Os soldados de Platoon não são nem bonzinhos nem heróicos. Uns bebem, drogam-se, assassinam e violam. Mas outros também são capazes da amizade, da entreajuda, da compaixão e finalmente da redenção. No final a Guerra a todos muda, e a todos marca. Charlie Sheen num grande papel, assim como Tom Berenger e Willem Dafoe, constituem o potente trio de actores. O filme mais forte, mais dramático, mais corajoso, mais marcante, mais tudo! O Melhor de um cineasta apaixonante, muito pouco reconhecido em Portugal. Ao qual, deixo desde já, esta pequena homenagem.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Grande embrulhada

""É um filme de produtor", explicou Alexandre Valente, o dito, terça-feira, numa conferência de imprensa em Lisboa. Instado pelos jornalistas a explicar as razões das discordâncias com João Botelho, que levaram este a romper com a produção e a retirar o seu nome do filme, sobre o que tinha sido filmado e depois cortado (entre 12 a 17 minutos) e quais as alterações por ele feitas no alinhamento das imagens e na banda sonora, Alexandre Valente pouco adiantou. Num texto no dossier de imprensa, o produtor escreve que ele e João Botelho não conseguiram "chegar a acordo na montagem e na banda sonora". Ontem, disse que "o objectivo do filme era adaptar o livro `Eu, Carolina`, objectivo que implica riscos e que devem ser corridos por mim". Acrescentou que viu a montagem apresentada por João Botelho, "discordou dela e disse-lhe", mas nunca explicará "o que havia" antes no filme e "o que há agora. Mas não alterei o contexto do filme". Valente negou ao DN existirem duas versões de «Corrupção». Uma de cinema, a sua, com menos 17 minutos que a de João Botelho, e a de DVD, do realizador, com esses 17 minutos acrescentados. Nicolau Breyner, que interpreta o Presidente, e Ruy de Carvalho, elogiaram o trabalho de João Botelho e apoiaram Alexandre Valente nas suas decisões. Não estamos habituados a ter indústria cinematográfica em Portugal. A indústria implica que haja filmes destes, os chamados filmes de encomenda, disse Breyner. E pelo contrato, o produtor pode cortar, escolher actores, etc. É normal. Não há jogo escondido, rematou. Para Ruy de Carvalho, Não há censura. Essa, sentimo-la eu e o Nicolau na pele. Há cortes de produção. Houve um desacordo entre o realizador e o produtor. Carolina Salgado já viu o filme e "amou". Está muito contente "por ter chegado até aqui", e estará "ainda mais" quando for a antestreia do filme, no dia 31, numa festa no Freeport de Alcochete. «Corrupção» irá para os cinemas sem ter sido mostrado antes aos media e à crítica."
in Diário de Notícias a 24 de Outubro de 2007

quarta-feira, outubro 24, 2007

terça-feira, outubro 23, 2007

Pedro Costa na 1ª pessoa

Um grande senhor...

Cinemateca em Marcha


JUVENTUDE EM MARCHA de Pedro Costa

com Alberto Barros “Lento”, Antonio Semedo “Nhurro”, Ventura, Vanda Duarte
Portugal/França/Suíça, 2006 - 155 min / legendado em português

"Pedro Costa volta à comunidade do Bairro das Fontaínhas depois de OSSOS e NO QUARTO DA VANDA: “Em JUVENTUDE EM MARCHA, o bairro está já destruído e segui um dos seus residentes, Ventura. É um filme sobre um homem que carrega um passado, um homem com fantasmas. O filme também lida com a relação filial (…). É uma história de fidelidade ao nascimento de um bairro, e Ventura contribui muito para esta história de fidelidade”. "

Sexta-feira (dia 26) 21:30 Sala Dr. Félix Ribeiro
Com a presença de Pedro Costa

domingo, outubro 21, 2007

Crimson Tide (1995)

de Tony Scott


No início dos anos 90, o regime soviético acaba por cair nas mãos de um louco de seu nome Radchenko (inspirado em Zironofsky), que ameaça o mundo com o seu armamento nuclear. O submarino americano Alabama, comandado pelo veterano Ramsey (Gene Hackman) , parte em direcção à Rússia, numa missão preventiva. O novo imediato Hunter ( Denzel Washington), acaba por entrar em rota de colisão com Ramsey, devido a uma mensagem muito dúbia, que poderá levar o mundo a uma guerra nuclear.

Com produção de Jerry Bruckheimer e realizado com mão segura por Tony Scott , Crimson Tide é dos melhores filmes do britânico até à data. A gestão da tensão é feita de forma eficiente e em crescendo. Os habituais exageros estílisticos de Scott, estão quase ausentes, reforçando assim a importância dos personagens e aumentando a claustrofobia do espaço do submarino.

Servido por um argumento, muito bem trabalhado, que consegue dar-nos a entender perfeitamente as motivações tanto de Ramsey, como de Hunter, sendo perfeitamente plausível a escalada de conflito entre os dois homens. O argumentista Michael Schiffer, nunca recorre a saídas fáceis, e opta pelo desenvolvimento dos personagens, em detrimento da pirotecnia de artifícios, a que este tipo de história poderia levar. Como nota curisosa, é de salientar que Tarantino trabalhou no guião a convite de Scott, para reforçar alguns diálogos, como facilmente se percebe na cena do Silver Surfer.

Apesar do leque de actores fortíssimo, onde se incluem Jason Robards, George Dzundza, Viggo Mortenssen ou James Gandolfini (muito antes dos Sopranos) , Crimson Tide, aposta tudo e bem, nos seus principais: uns enormes Gene Hackman e Denzel Washington, que dão uma verdadeira lição da arte de bem representar, apesar dos seus estilos diferentes. São impressionantes as cenas de confronto entre os dois gigantes, tal é a intensidade, a pura força e carisma que ambos emanam, sendo quanto a mim as grandes mais valias deste belíssimo filme.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Brava Dança

Documentário nacional que aborda em detalhe, a carreira dos míticos Heróis do Mar. Premiado no DocLisboa.
A não perder! Hoje às 23.30 na TV2

quinta-feira, outubro 18, 2007

Trainspotting (1996)

de Danny Boyle

Baseado no livro escândalo de Irvine Welsh, Trainspotting é um retrato de uma juventude escocesa, perdida no crime, na droga, na doença e na violência, mas com um toque de humor negro Q.B que faz toda a diferença para a necessária identificação com os personagens. Filme culto dos anos 90, Trainspotting é a prova da vitalidade do cinema europeu dessa altura, assim como a afirmação do talento de Danny Boyle (que até aí tinha apenas assinado o excelente Shallow Grave).

Recheado de uma galeria de figurões extremamente coloridos e divertidos. Eles são, o protagonista Mark Renton (Ewan Mcgregor), com a sua filosofia de escolher cavalo em vez de escolher a vida. Simon “Sick Boy” (Johnny Lee Miller) o grande teórico de Sean Connery e engatão incorrigível. Spud (Ewen Bremmer, o drogado de bom coração com uma grande apetência para defecar em camas estranhas e para se encher de speeds nas entrevistas de emprego. E finalmente o psicótico e paranóico “Franco” Begbie (Robert Carlyle), perigoso, irrascível e sempre na vertigem da violência. Todos os actores, estão à altura dos papéis, conseguindo dar o toque humano essencial, na composição destas bizarras personagens. Outro ponto fortíssimo, é a adaptação que o argumentista John Hodge fez do livro de Welsh. Hodge combina personagens e situações do livro, mantendo-se sempre fiel ao espírito da obra original. É de salientar que o livro tinha uma estrutura não linear algo complexa, que Hodge escolheu contar de forma mais tradicional e eficaz.

E para final o melhor: a virtuosa realização de Danny Boyle. O realizador parece ter sido possuído pelo mesmo espírito febril dos seus personagens. Personagens esses, que nunca em momento algum são julgados pela câmara de Boyle. A sua realização nunca recorre a saídas fáceis e prefere manter-se do lado dos seus heróis(?) até às ultimas consequências (incluíndo um delírio numa cena de antologia na pior casa de banho da Escócia). A encenação arrojada e destemida, o uso de grandes angulares que distorcem e alienam os personagens, uma montagem frenética e inovadora, a manipulação de sons, conjugada com a pujante banda sonora (Underworld, Iggy Pop, Lou Reed), revelam aqui o melhor momento da carreira de Danny Boyle.

Um dos melhores filmes dos anos 90, e obrigatório para (quase) todos.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Isto não é uma crítica


Mas sim um desbafo de motivos, para a TREMENDA DESILUSÃO que apanhei com The Fountain:

Devo de ir ser bombardeado mas cá vai:

1-Argumento muito mal desenvolvido e personagens estereotipadas
2-Deconexão total entre as três histórias (especialmente a do sec.XVI e sec.XXI)
3-Uma realização académica e repetitiva (aqueles POV picados)de Aranofsky
4-Apagamento de todos os secundários para dar lugar ao par Jackman/Weiz
5- Um final que tem tanto de supostamente místico, como de piroso a tresandar a incenso New Age (aquela pose de meditação espacial desafia o rídiculo)

Filme falhado e desiquilibrado? Parece-me que sim e que nem com revisionamentos melhorará muito.

Quem quiser um filme verdadeiramente romântico com uma pulsão de morte, sugiro-lhe The English Patient

quinta-feira, outubro 11, 2007

Votação Cineasta Europeu - Resultados

E o grande vencedor da sondagem cineasta europeu, é este grande senhor!


LARS VON TRIER (7 votos 31%)

2º - Win Wenders (6 votos 26%)

3º - Nanni Moretti (5 votos 21 %)

4º - Mike Leigh (3 votos 13%)

5º - Michael Hanneke (2 votos 8%)

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails