domingo, fevereiro 17, 2008

The Kingdom (2007)

de Peter Berg

Um grupo do FBI liderado por um oscarizado Jamie Foxx, chega a Riade com o objectivo de descobrir e capturar os autores de um sangrento atentado que custou a vida de centenas de civis americanos e assim como sauditas. Pelo caminho o grupo americano é acompanhado por um coronel da polícia local (Ashraf Barhom), que os ajudará a encontrar a célula terrorista.

É com esta premissa algo simplista, que o actor tornado realizador Peter Berg, assina esta produção do brilhante Michael Mann. Para que conste, Mann esteve numa fase inicial para realizar este projecto, decidindo mais tarde realizar Miami Vice e entregar os comandos do filme a Peter Berg. Berg tem um estilo “televisivo” de câmara ao ombro que sinceramente não parece funcionar em The Kingdom. O realizador revela uma certa inaptidão para filmar as cenas dramáticas. Isso deve-se ao seu estilo aleatório e sem critério, onde a escala de planos é feita ao calhas e de forma muito atrapalhada. A juntar a esse problema, temos uma montagem igualmente em piloto automático. The Kingdom consegue ter mais cortes por segundo que qualquer filme do trolha Michael Bay. A edição às três pancadas cria um efeito de confusão quando aqui se pretendia dinamismo e tensão.

Mas the Kingdom é um mau filme? Não, não é. E isso deve-se ao excelente último terço de filme. Aí sim, a montagem e o estilo televisivo tão intromissores até aí, revelam-se surpreendentemente adequados, pois o filme entra em alta velocidade a partir daí. Um óbvio destaque à sequência na auto-estrada, em que o realismo, acção e espectacularidade são sinceramente de cortar a respiração. Pena foi Berg, não se ter apercebido que apesar de um filme ter um estilo, isso não implica filmar uma conversa da mesma forma que filma um tiroteio. É a velha questão da forma e do contéudo.

No capítulo dos actores, estes não comprometem, mas também não deslumbram. Isso é mais notório nos casos de Jennifer Garner e Chris Cooper, que defendem como podem as suas personagens subdesenvolvidas. Jamie Foox e Ashraf Barhom (os protagonistas), destacam-se pela química que conseguem atingir, e pela credibilidade das suas actuações.

Em suma, The Kingdom é um filme desequilibrado e prejudicado por uma primeira metade servida por uma realização e edição trapalhonas. Salvando-se na segunda parte em que essa realização acerta o seu rumo e nos presenteia com algumas das mais fulgurantes sequências de acção dos últimos anos. Sinceramente fiquei com a sensação de se ter perdido a oportunidade de se fazer um grande filme.

Uma nota ainda para o brilhante final, que sintetiza na perfeição, toda a ambiguidade moral que está inerente à natureza de qualquer guerra.

2 comentários:

Carlos Faria disse...

Na generalidade concordo consigo e se gostei muito do filme foi, sobretudo, pelo seu final que brilhantemente sintetizou no último parágrafo do post.

Luís A. disse...

o final é do melhor que tenho visto no género. pena o filme não estar à altura. obrigado pela visita e volta sempre.

abraço cinéfilo

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