Que David Cronenberg é um cineasta fascinado com o corpo, e com as suas diferentes mutações e variações, já não é novidade para nenhum cinéfilo que se preze. Agora o que é novidade, é a forma elegante em como esta sua obsessão, se camuflou no cinema mainstream, a que o realizador canadiano se tem dedicado ultimamente. Em Eastern Promisses, os temas recorrentes do autor, estão todos lá: identidade, a carne como algo de mutável e directamente associada à psique dos personagens (as famosas tatuagens), a violência ( a cadeira do barbeiro ou a impressionante sequência na sauna), a ambivalência sexual, e finalmente a impossibilidade (ou a negação) do amor. O que espanta é que Cronenberg consegue abordar esta impressionante variedade de obsessões pessoais, e apesar disso assinar uma história policial escorreita e que pode apelar a um espectador menos “exigente”. Pena que o guião de Steven Knight não esteja à altura da mestria de Cronenberg, que apesar do esforço do cineasta, acaba por mergulhar o filme nalguns clichés e twists desnecessários. Mas seja como fôr, Eastern Promisses é uma obra que todos os fãs (e não fãs) de Cronenberg irão apreciar. Uma nota final para Viggo Mortensen, que está cada vez mais actor, e que assina um dos mais impressionantes papéis de 2007.
6 comentários:
Mesmo não sendo o meu Cronenberg preferido, dava-lhe 4 estrelas.
eu daria 3 1/2 mas aqui o sistema não permite meios, portanto ficou as 3.
mas um bom filme sem duvida
Eu partilho da opinião do outro blogger. Na verdade a principal falha que considero relevante é a curta duração da fita. Creio que, com um duração a rondar as duas horas e meia, e um argumento mais desenvolvido poderia tornar-se numa espécie de épico de gangsters/mafiosos.
Abraço
fifeco:
pareceu-me que cronenberg estava mais interessado nas relações entre personagens, que proprimente na trama criminal. talvez seja por isso que aquele twist perto do fim, me pareça tão deslocado.
mas realmente o filme é curto:)
abraço cinéfilo
Eastern Promises foi um dos filmes mais interessantes que vi o ano passado, e gostaria de destacar a banda sonora de Howard Shore, sempre magnífico.
Na minha opinião, concordo que o final estraga o filme, mas o argumento é mesmo a segunda pedra mais forte deste filme, a seguir ao Cronenberg claro.
Abraço!
Gostei muito do argumento até metade à cena da sauna. A partir daí foi o descalabro total.
E sim Howard Shore é grande. Mais do que nos Lords of the Rings, ou nas recentes colaborações com Scorsese, é com Cronenberg que o senhor brilha em grande nível.
abraço cinéfilo
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