quinta-feira, dezembro 23, 2010

quinta-feira, dezembro 16, 2010

terça-feira, dezembro 07, 2010

quinta-feira, novembro 18, 2010

quarta-feira, novembro 17, 2010

James Brown,,Tony Scott, Marylin Manson, Danny Trejo,Clive Owen,Gary Oldman....

Querem saber mais? Cliquem AQUI

Parabens ao melhor cineasta de sempre!


Marty, hoje é o dia em que perfazes 68 Outonos. Quero apenas deixar aqui o meu muito obrigado por teres contribuído para a enorme paixão que sinto hoje e que sempre senti pela mais bela das artes. Os teus filmes são desarmantes, tocantes, emocionantes, densos, tensos, trágicos, cómicos, vivos, dinâmicos, inteligentes, ferozes, reais, surreais, sensiveis, crueis, marcantes, cinéfilos...enfim, memoráveis! És tambem o grande responsavel por ter seguido o meu sonho de um dia ter a mesma profissão que tu e ter entrado para a escola de cinema, após ter lido as tuas palavras em Scorsese por Scorsese. Por tudo o meu muito obrigado e happy birthday!

sexta-feira, novembro 12, 2010

E tudo o vento levou



Acabadinho de ver o The Kiling, só me apetece escrever que o que fica para além da estrutura completamente mirabolante e arrojada (que Tarantino "homenageou" à descarada) é um dos finais mais irónicos e desarmantes da história do cinema. Dizer que Kubrick era um génio é banal. Mas porra! Kubrick era um génio!

quinta-feira, novembro 11, 2010

DINO

Dino de Laurentis
1919-2010
R.I.P.

La Strada, Serpico, Conan The Barbarian, Dune, Blue Velvet, Manhunter, Year Of The Dragon, Army of Darkness

o que é também dizer

Fredrico Fellini, Sidney Lumet, John Millius, David Lynch, Michael Mann, Michael Cimino, Sam Raimi

O ultimo grande produtor. Ciau Dino.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Top Kubrick

Nº5 COMOVENTE
Nº4 PERTURBANTE
Nº3 FEROZ
Nº2 SUBVERSIVO
Nº1 TRANSCENDENTE

terça-feira, outubro 26, 2010

Iniciativa 1 actor 3 filmes


* texto redigido e publicado a convite do Cine-Observador

A razão que me levou a escolher um actor nacional, é porque acredito que o que é nacional (às vezes) é bom! E esse é o caso de Ivo Canelas. Começou na televisão ao lado de MIguel Miguerme na sitcom de culto o Fura-Vidas. Logo aí se destacou e criou um Joca memorável. Depois mudou-se para os Estados Unidos onde estudou representação no incontornável Actors Studio. De regresso a Portugal, Ivo Canelas dedicou-se quase exclusivamente ao trabalho em cinema. Lenta mas firmemente, tem vindo a revelar-se um dos actores mais talentosos e consistentes da produção nacional. E o mais impressionante é que trata-se de um actor igualmente eficaz, quer na comédia mais alucinada (‘Arte de Roubar’) quer em composições de intensa carga dramática (‘Tiro No Escuro’ ou ‘20,13 – Purgatório’). O seu talento e carisma natural, tornam-no no actor de referencia da sua geração. Assim continue e poderá aspirar a voos ainda mais altos.


Um tiro no escuro (2005)
Num elenco de vários nomes de prestígio como Joaquim D’Almeida, Filipe Duarte ou João Lagarto, é ele que se destaca e acaba por roubar todas as cenas em que entra. O seu Brocas pode não ser o mais inteligente dos personagens, mas é o mais magnético e no final o mais trágico. E na sua última cena lá para o final do filme, Ivo Canelas, tem um momento bombástico e com uma intensidade como raramente se viu no cinema nacional.

O Mistério da Estrada de Sintra (2007)
Pôr-se na pele de um ícone literário como Eça de Queirós é uma tarefa que pode ser assustadora e trazer resultados desastrosos para um actor que não esteja à altura. No seu primeiro papel como protagonista, Ivo Canelas passa com distinção e nota artística (como diria o Jorge Jesus). O seu Eça tem as doses certas de arrogância, vaidade e sarcasmo. E fisicamente as semelhanças entre o actor e o escritor são impressionantes. Mais uma vez o ponto mais forte de um filme que se vê bem.

A Arte de Roubar (2008)
Apesar de ser um pastiche de Tarantino, este óvni de 2008 foi a confirmação (como se tal fosse necessário) do enorme alcance interpretativo deste grande actor. Num regresso à comédia a relembrar os seus tempos na série o Fura-Vidas, Ivo Canelas dá um show de naturalismo, espontaneidade e talento cómico. E ainda para mais num papel que facilmente poderia tender para o overacting, Canelas mostra porque é o melhor e mais completo actor da sua geração.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Sítio da curta-metragem

Há um novo espaço na net e que pode ter bastante interesse a todos os cinéfilos. Chama-se Sítio da Curta-Metragem e trata-se de um site de exibição, divulgação e promoção desse formato cinematográfio. Os filmes em exibição estarão todos em youtube ou vimeo permitindo uma visualização imediata (sem downloads, ou tempos de espera). Sendo assim e para estreia, temos nem mais nem menos que a curta portuguesa vencedora da palma de ouro de Cannes 2009 : Arena de João Salaviza. Passem por lá e digam o que acham.

quarta-feira, outubro 20, 2010

AS CAUSAS DA CRISE

OS POLÍTICOS

OS MEDIA

A SOCIEDADE


(imagens de THEY LIVE de John Carpenter, um filme feito à medida para os tempos que vivemos)

terça-feira, outubro 19, 2010

Top Gun 2 ...WTF???


A sequela de «Top Gun» já está em andamento. O site «Vulture» adianta que Tom Cruise, protagonista do primeiro filme, pode participar na continuação. No entanto, a estrela só aceita entrar no filme se a sua participação não for muito «óbvia».

A notícia está aqui.

domingo, outubro 17, 2010

Barry Lyndon (1975)


de Stanley Kubrick

À partida esta obra de época teria tudo para ser um filme rigoroso mas artificial, pois a sua temporalidade e ambiente nas mãos de um cineasta (injustamente) acusado de distante e cerebral, poderia dar azo a um filme frio. Mas que grande engano. Barry Lyndon será provavelmente será o filme mais humano e tocante da carreira de Stanley Kubrick. A história do Barry Lyndon do título é magistralmente incarnada por um inesperado Ryan O’Neal assim como muito bem secundada pelo restante elenco. A história deste irlandês que nascendo numa família da burguesia provinciana, se lança ao mundo tendo um percurso de vida alucinante, em que conhece a guerra, tornando-se um vigarista e acabando por ascender à nobreza graças a um casamento por conveniência. A ajudar (e de que maneira) no relato da sua história existe uma voz off irónica, desarmante e reveladora dos acontecimentos futuros na vida de Lyndon. E como é seu apanágio habitual, Kubrick é brilhante quer na técnica, quer no lado formal e pictórico. As suas composições criam imagens mágicas (as famosas cenas filmadas à luz das velas são um prodígio fotográfico), a gestão do ritmo narrativo e das tensões da mise-en-scene é magistral e a fantástica escolha e gestão musical de temas clássicos é brilhante (indo dos Chieftains, a Schubert e a Vivaldi). Todos esses factores acumulam e ajudam a fazer um filme poderoso. Mas se a produção é faustosa, o guarda-roupa exuberante ou cenários imponentes, nas mãos de um cineasta “cerebral ou frio”, isso poderia facilmente esmagar os personagens, e Kubrick não o permite. O seu Lyndon está condenado desde o início, pois como diz o narrador, ele tinha os defeitos das suas qualidades. E o que é impressionante na abordagem de Kubrick é a forma justa como ele filma o percurso descendente do seu herói(?), sem nunca pestanejar ou fugir dos momentos mais emocionais e sem caír nas armadilhas do sentimentalismo. Convenceu-me e de que maneira. Um dos filmes maiores de um monstro do cinema.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Os realizadores preferidos de Welles


"I prefer the old masters; by which I mean: John Ford, John Ford and John Ford."

sexta-feira, outubro 08, 2010

Já cá canta!

E por 1,95€! Foi a melhor compra que fiz este ano. O meu muito obrigado à iniciativa do Público.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Earthlings (ou o mais violento filme de sempre)



aqui tinha escrito sobre este documentário, mas nunca é demais divulgar um dos mais chocantes e revoltantes filmes a que alguma vez assisti....e ele é REAL!

"Quanto mais conheço o Homem, mais eu gosto dos animais"

Anónimo

quarta-feira, outubro 06, 2010

007 BLONDIE

Como é possivel os produtores terem recusado esta faixa escrita para For Your Eyes Only(1981)? Ainda para mais, acabando por escolher a mediana Sheena Easton! Quem ficou a perder foi o 007. Blondie Rocks!

sexta-feira, outubro 01, 2010

CAPITALISMO


"You know what capitalism is? Getting fucked!"


Tony Montana in Scarface (1982)

quinta-feira, setembro 30, 2010

O making of do making of de Embargo

Vejam que vale mesmo a pena. Um dos mais originais making of's a que pude assistir ultimamente. Uma lufada de ar fresco e muitos parabens ao autor(es?)! Ah e o filme estreia hoje.

EMBARGADO - um filme de Leandro Silva - Um making of de um making of. from Persona Non Grata on Vimeo.

Leone


LEONE POLÍTICO - "Politics no longer make any sense in Italy! That's why I make the films I do. We believed in mankind and mankind has let us down...As intellectuals, we have resigned ourselves, tired of the battle...Me, I live apart and don't give a damn about anything."

LEONE CINEASTA - "You can't shoot a film as if you were putting a salami into its skin. From a project like [Kurosawa's] Ran or Once Upon a Time in America, you come away dry in the mouth, with your head in flames and your soul in shreds."

LEONE CINÉFILO - "The [John] Ford film I like most of all...is also the least sentimental, The Man Who Shot Liberty Valance...Ford finally, at the age of almost sixty-five, finally understood what pessimism is all about. In fact, with that film Ford succeeded in eating up all his previous words about the West...Because Liberty Valance shows the conflict between political forces and the single, solitary hero of the West...He loved the West and with that film at last he understood it."

sexta-feira, setembro 24, 2010

segunda-feira, setembro 20, 2010

A TV Pós-Sopranos é....


* Os agradecimentos é favor serem endereçados aos senhores Peter Tolan e Denis Leary, os pais desta criança , cómica, trágica, obscena, real, profunda, intensa, delirante, provocadora, inteligente e tocante. É a par de Californication a grande dramédia da televisão actual.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Mistelas


Antes demais não vi a nova (e enésima) versão de Predator. Mas consta que a storylyne tem muitas semelhanças com o original de 1987. Então é assim: Foda-se!!! Não bastavam os Aliens Vs Predators, os Predators Vs Aliens ou lá o que é essa merda, para ainda ter de surgir agora um remake mal camuflado pelas mãos de Robert Rodriguez (que só sabe filmar quando trabalha com Tarantino) e interpretado por Adrien Brody (grande actor mas nunca action hero). Epah deixem o Predator em paz! É que o original trata-se somente de um dos melhores filmes de acção dos anos 80 (e 90 e 00 já agora) assinado por um grande senhor de seu nome John McTiernan, e essas constantes sequelas, prequelas, ou mistelas, não passam de uma valente sandes de merda, motivada por oportunismo financeiro e com o único objectivo de utilizar o valor nostálgico de um grande filme.

terça-feira, agosto 03, 2010

quarta-feira, julho 28, 2010

A melhor cena de sempre de Tarantino...

...foi realizada por Tony Scott e interpretada pelos monstros Cristopher Walken e Dennis Hopper. Aqui fica este sublime momento. Enjoy.

sexta-feira, julho 23, 2010

"A mente de Tarantino" - 2007

E porque esta semana, revisitei o universo desse cineasta tão único e inspirador, aqui vos deixo uma brilhante curta-metragem brasileira, cujo tema é...Quentin Tarantino! Enjoy.

quinta-feira, julho 22, 2010

segunda-feira, julho 19, 2010

segunda-feira, junho 28, 2010

The End - Parte 4

Neste final memorável, o mestre Scorsese dá uma lição de edição, direcção e dramaturgia. E fez tanto com tão pouco. Brilhante Day-Lewis que transmite toda a carga trágica e perca do seu personagem. Um dos grandes momentos da 7ª arte.

segunda-feira, junho 14, 2010

JCM - Entrevista - 4ª parte

"Isto agora está cheio de papagaios"

JCM - Entrevista - 3ª parte

"Não vejo filmes feitos por paneleiros! Paneleiros sem talento, isto é.”


JCM - Entrevista - 2ª parte

"Em relação ao texto acho que não perceberam nada...mas isso é normal. Eu também não lhes posso explicar...por uma razão muito simples : não sei."

JCM - Entrevista - 1ª parte

"O texto caíu-me em cima"

quarta-feira, junho 02, 2010

Estreia amanhã em 20 salas!

Realizado e produzido sem apoios estatais, trata-se de um filme apenas conseguido graças ao espírito de luta, generosidade e energia da sua equipa técnica e actores. Rodado na Covilhã com a mísera soma de 80 mil euros (obtidos em patrocínios), e posicionando-se a meio caminho entre o cinema de autor e comercial, esta fita promete abrir novos caminhos ao nosso tão frágil cinema nacional. Muita merda para os responsaveis por este feito!

segunda-feira, maio 17, 2010

Sabedoria

Parece uma frase feita à medida para Portugal e para a dita "crise" mundial.

"Everybody know the poor always being fucked by the rich. Always have, always! will. "



Keith David e as palavras de Oliver Stone In platoon (1986)

sexta-feira, maio 07, 2010

Daniel Day-Lewis puxa pelo Benfica!!!

(cena de In The Name of The Father)

quarta-feira, maio 05, 2010

The Thin Red Line (1998)

de Terrence Malick



FILMES DA MINHA VIDA XVII

No cinema de guerra existe o pré The Thin Red Line e o após The Thin Red Line. E uma coisa é certa, nunca Hollywood fez um filme de guerra tão singular, idiossincrático e rico. Este é daquelas fitas que a cada visionamento melhora e melhora e melhora cada vez mais tal é a sua riqueza temática e cinematográfica. O responsável deste milagre é um senhor chamado Terrence Malick, o cineasta que em 20 anos de carreira assinou aqui o seu terceiro filme. E que filme! The Thin Red Line aborda os clássicos temas do género de guerra e segue um grupo de recrutas americanos que tentam tomar um monte ocupado pelo inimigo japonês na batalha de Guadalcanal. Esses soldados são interpretados por um elenco de estrelas como raramente se viu (e merecem especial destaque Nick Nolte, Elias Koteas e o estreante Jim Caviezel no pele do espiritual Witt). E se Mallick e o seu director de fotografia John Toll filmam as batalhas com um fulgor e visceralidade empolgantes, não é aí que reside o trunfo maior desta película.

O que Malick nos propõe é o mergulho nos pensamentos e na essência dos seus soldados, através das suas variadas vozes em off, transportando-nos ao seu mundo interior reflexivo, espiritual e emocional. Os seus personagens questionam o papel do homem na natureza, a essência violenta da guerra, a sua própria desumanização ou pura e simplesmente o sentido da vida. Teologia funde-se num cenário de morte, onde os vários planos da natureza e da vida selvagem de Guadalcanal sugerem o olhar de Deus perante a insanidade da sua criação…o Homem. Isto tudo acompanhado por uma montagem brilhante criando um ritmo hipnótico que prende o espectador desde o 1º segundo. Junte-se lhe o dom de Malick para a composição de imagens marcantes e a banda sonora sublime de Hans Zimmer (a sua melhor?), e temos um filme transcendental. Scorsese chamou-lhe o 2º melhor filme dos anos 90, para mim é o 1º melhor filme dos anos 90 e o melhor filme de guerra de sempre. Genial? Não é mais que isso. The Thin Red Line é celestial…

terça-feira, maio 04, 2010

Filme do caralho! (III)

Violento, selvagem, excessivo, cru, profano, delirante, cómico, crítico, violento, demente, genial, trágico, palavroso, misógeno, escandaloso, sangrento, brutal, violento, prodigioso, cruel, adulto, crítico, incorrecto, delirante, poderoso, violento. Ou seja, nos antípodas das paneleirices assépticas em CGI ou em 3D que se fazem actualmente. Como é que Hollywood permitiu um filme destes em plenos anos 80? Perguntem aos pais da criança: De Palma, Pacino e Stone...

sexta-feira, abril 30, 2010

1999 - O melhor ano de sempre do Cinema

1ª RAZÃO - Magnolia


2ª RAZÃO - The Insider


3ª RAZÃO - Fight Club


4ª RAZÃO - Summer of Sam


5ª RAZÃO - Bringing Out The Dead


6ª RAZÃO - Matrix

quinta-feira, abril 29, 2010

quinta-feira, abril 22, 2010

Os 10 MAIS DA DÉCADA - Nº4


TROPA DE ELITE
(2007)
de José Padilha

Depois de Cidade de Deus, parecia difícil o revigorado cinema brasileiro oferecer-nos uma obra que superasse o filme de Fernando Meirelles. Tropa de Elite consegue esse feito. Mais cru, complexo, seco, violento e polémico, criou um enorme debate se seria pró ou contra a necessidade de violência policial no combate ao crime. E é na riqueza desse debate que está a grande virtude deste filme poderoso e intenso. Tropa de Elite mostra a realidade chocante como ela é actualmente, sem juízos de valor ou morais de pacotilha. Nesta obra-prima, tanto o agente policial como o traficante são implacáveis, violentos, mas também humanos e vítimas de um sistema decadente e hipócrita. E depois temos a representação explosiva de Wagner Moura, compondo um angustiado Capitão Nascimento, um personagem contraditório e ao mesmo tempo profundamente humano. A justeza da câmara documental de José Padilha, a inteligente abordagem narrativa, a montagem perfeita e aquele plano final (dos mais cruéis que o cinema alguma vez mostrou), justificam o feito que foi a conquista do Urso de Ouro no Festival de Berlim. O melhor filme brasileiro que alguma vez vi.

segunda-feira, abril 19, 2010

O poder de um filme


Q:What got your enthusiasm for Platoon going again?

STONE: Seeing Warren Beatty's Reds in 1981. 1 loved it. The fact that Beatty had spent so much time doing a film that was so unconventional really reminded me that, HEY, you can make good movies if you stick it out. So at that point in time, I said, "I'm going to do it."

sexta-feira, abril 16, 2010

O Mar de Mann

Dizem que um autor é um realizador que passa a sua carreira a fazer os mesmos filmes, mas com histórias e personagens diferentes. Esses autores têm obsessões recorrentes, que se infiltram nas suas obras e acabam por vir à superfície de forma quase subliminar. Michael Mann é um autor. Quem visita este blogue e quem me conhece sabe o que eu penso acerca do senhor. O que se segue é um apanhado de uma das suas obsessões recorrentes e um enunciado da importância plástica e temática desse elemento na sua obra: o mar no mundo de Michael Mann.




Thief
Após o assalto da sua vida, Frank tem um (curto) momento de felicidade: ele tem finalmente aquilo que tanto procurou e ansiou: uma família. E juntos fogem para uma praia onde a harmonia, o sol e o mar sugerem um momento idílico. O som dos Tangerine Dream e a direcção de Mann fazem desta sequência uma das mais poéticas e líricas desta belíssima obra.


Manhunter
De novo o mar como reconciliação e paz. Aqui a simbologia é mais presente que nunca, pois o filme abre e fecha com o oceano. Se na primeira cena, Graham está perturbado e traumatizado, o facto de estar de costas viradas para o mar não é inocente. Na cena final após a morte do serial killer, ele consegue finalmente contemplar a sua tranquilidade e beleza, junto à sua família e nós sentimos que ele encontrou a tão desejada paz.



Last of the Mohicans
Aqui não temos, o mar, mas temos a água dos rios. O elemento aquático funciona como símbolo erótico e de união entre homem e mulher. Só após a fuga aos ingleses, e depois de encontrarem esconderijo numa gruta oculta por uma catarata (a água protectora) é que Hawkeye e Cora conseguem declarar o seu amor.


Heat
Num filme predominantemente urbano, o mar funciona como sugestão de desejo de fuga e solidão para Neil. É quando está sozinho e a contemplar o oceano, que Neil decide procurar ligar-se a alguém, encontrando na cena seguinte Eady. E quando no dia seguinte Cris lhe diz que Charlene o quer deixar, Neil apoia-o a voltar para ela. O oceano no background é de novo o elemento de sugestão romântica



The Insider
Jeffrey Wigand está no dilema da sua vida, pois não consegue “encontrar o critério para decidir”. Denuncia os seus corrutptos empregadores e pelo caminho perde a sua famíla, ou fica em silêncio, sabendo o custo dessa decisão que lhe fará perder a sua integridade e moral. Após contemplar um calmo oceano, Wigand tem uma epifania descobre a resposta num momento mágico.



Ali
Não tão presente como nas obras anteriores, mas mesmo assim está lá numa breve cena. A cena em que Ali separa-se da sua segunda mulher é de alguma importância na narrativa. O facto de lá estar o mar, sugere que a água poderá ser símbolo de vida, mas também de ruptura nas relações, sugerindo tal como em Manhunter uma dupla função no cinema de Mann.



Colateral
À primeira vista parece que está ausente do filme. Mas mais uma vez, o mar está lá. É verdade que apenas numa fotografia. Mas essa imagem tem um poder de escape e de utopia no taxista Max. Não será inocente que essa imagem marítima seja mais uma vez o elemento que junta um homem e uma mulher no cinema de Mann, na cena em que Max oferece a sua preciosa foto a Annie.

Miami Vice
O escape de novo e a consumação de uma marca autoral. A música de moby e a fuga marítima de Sonny e Isabela, criam uma cena transcendente neste belíssimo filme. Mais uma vez um oceano que une dois seres. O mar sugere a utopia e o horizonte de uma vida a dois, uma fuga da realidade para duas almas que afinal são gémeas. Esse lado idílico é destroçado na separação final do casal , quando Sonny contempla a fuga de Isabela num barco que desaparece...no mar.

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