terça-feira, outubro 26, 2010

Iniciativa 1 actor 3 filmes


* texto redigido e publicado a convite do Cine-Observador

A razão que me levou a escolher um actor nacional, é porque acredito que o que é nacional (às vezes) é bom! E esse é o caso de Ivo Canelas. Começou na televisão ao lado de MIguel Miguerme na sitcom de culto o Fura-Vidas. Logo aí se destacou e criou um Joca memorável. Depois mudou-se para os Estados Unidos onde estudou representação no incontornável Actors Studio. De regresso a Portugal, Ivo Canelas dedicou-se quase exclusivamente ao trabalho em cinema. Lenta mas firmemente, tem vindo a revelar-se um dos actores mais talentosos e consistentes da produção nacional. E o mais impressionante é que trata-se de um actor igualmente eficaz, quer na comédia mais alucinada (‘Arte de Roubar’) quer em composições de intensa carga dramática (‘Tiro No Escuro’ ou ‘20,13 – Purgatório’). O seu talento e carisma natural, tornam-no no actor de referencia da sua geração. Assim continue e poderá aspirar a voos ainda mais altos.


Um tiro no escuro (2005)
Num elenco de vários nomes de prestígio como Joaquim D’Almeida, Filipe Duarte ou João Lagarto, é ele que se destaca e acaba por roubar todas as cenas em que entra. O seu Brocas pode não ser o mais inteligente dos personagens, mas é o mais magnético e no final o mais trágico. E na sua última cena lá para o final do filme, Ivo Canelas, tem um momento bombástico e com uma intensidade como raramente se viu no cinema nacional.

O Mistério da Estrada de Sintra (2007)
Pôr-se na pele de um ícone literário como Eça de Queirós é uma tarefa que pode ser assustadora e trazer resultados desastrosos para um actor que não esteja à altura. No seu primeiro papel como protagonista, Ivo Canelas passa com distinção e nota artística (como diria o Jorge Jesus). O seu Eça tem as doses certas de arrogância, vaidade e sarcasmo. E fisicamente as semelhanças entre o actor e o escritor são impressionantes. Mais uma vez o ponto mais forte de um filme que se vê bem.

A Arte de Roubar (2008)
Apesar de ser um pastiche de Tarantino, este óvni de 2008 foi a confirmação (como se tal fosse necessário) do enorme alcance interpretativo deste grande actor. Num regresso à comédia a relembrar os seus tempos na série o Fura-Vidas, Ivo Canelas dá um show de naturalismo, espontaneidade e talento cómico. E ainda para mais num papel que facilmente poderia tender para o overacting, Canelas mostra porque é o melhor e mais completo actor da sua geração.

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