segunda-feira, junho 15, 2009

White Hunter Black Heart (1990)

de Clint Eastwood


Este esquecido mas belíssimo filme de 1990, assinalou o terceiro passo de Clint Eastwood em se afastar de um cinema mais comercial, para poder abordar obras mais pessoais e por consequencia com um maior fulgor artístico. Antes tinha havido essa obra prima tão injustamente ignorada de seu nome Honkytonk Man (1982) e o galardoado Bird (1988) E diga-se desde já, que White Hunter Black Heart, figura sem problemas na lista de filmes maiores deste enorme autor americano. Esta história sobre um realizador de cinema (inspirado em John Huston) que está mais interessado em “cometer o pecado” de matar um elefante, em detrimento de iniciar a rodagem do seu filme, está recheada de momentos que apenas Clint Eastwood consegue nos oferecer. Sejam as magníficas e hilariantes sequências cómicas (a cena com a simpatizante nazi, ou a sessão de pugilismo com o gerente do hotel), ou então com um tom mais negro e soturno, que viria a marcar a sua obra posterior e que daria início à sua consagração enquanto cineasta. Esse negrume e complexidade manifesta-se aqui num dos finais mais dolorosos e comoventes na obra de Eastwood. Essa sequência final é o culminar natural da odisseia (interior) de um personagem extremamente complexo e contraditório, que fecha esta película dando início ao seu filme (dentro do filme) com aquela palavra sussurrada e torturada e com o subtexto de uma tragédia que ficou para trás: a palavra acção.

2 comentários:

Filipe Machado disse...

Apesar de ser um grande apreciador de Clint Eastwood enquanto realizador / actor, devo dizer que não conhecia White Hunter Black Heart. Aconselhado por um amigo, tive a oportunidade de vê-lo muito recentemente. E não é que este génio da realização voltou a surpreender-me! Neste filme, temos de admirar verdadeiramente Eastwood por se colocar na pele de um dos mais famosos realizadores de Hollywood nos anos de 1950, John Huston. Trata-se de um conto sobre a obsessão, o orgulho e o egoísmo, tudo isto oferecido de uma forma refinada e polida, quase majestosa, em que a fotografia tem um papel fundamental. O ritmo é intenso e excitante, atravessado sistematicamente por passagens descontraídas e vagarosas, mas sem nunca tombar na insipidez.
Não tenho dúvidas que este é um dos melhores exercícios de Eastwood na realização, no entanto chamo especial atenção para a sua interpretação, excelentemente efectiva e robusta, que retrata um cineasta egocêntrico, altamente decisivo e independente, papel este muito comum na sua carreira como actor. O personagem principal mantém sempre, ao longo da fita, uma postura carismática, fascinante e cripticamente free spirit. Em relação à história, não existe nada de complexo, todavia, existem muitos pontos de interesse, especialmente a ironia oculta da parte final.

Luís A. disse...

Concordo em pleno. Eastwood é talvez o maior cineasta clássico vivo. Pena a 1ª parte não estar ao nivel da pujança dramática da 2ª. Senão daria 5 estrelas na certa.

Abraço cinéfilo

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