Se a adaptação de Stanley Kubrick, da polémica obra literária de Nabakov, causou celeuma e escandalo, o mesmo aconteceu com este belíssimo filme de Adrian Lyne. A história de um professor irremediavelmente apaixonado e obcecado por uma adolescente, foi demasiado para as consciencias puritanas das audiencias norte-americanas em plenos anos 90. Resultado: um fracasso nas bilheteiras (algo raro em Lyne, senhor de sucessos estrondosos, como 9 ½ Weeks, Fatal Atraction ou Indecent Proposal). As acusações da altura, foi de que estávamos na presença de um filme imoral, mas Lolita é precisamente o contrário. Senão como explicar a destruição final dos principais personagens. Seja Humbert e a falencia do seu amor, levando-o à loucura e ao homicidio. Seja Lolita tornando-se uma mulher banal e mundana, deixando morrer aquilo que a tornava especial. Lyne opta por um tom muito mais sóbrio, que a abordagem de Kubrick. Enquanto o filme de 62 apostava no humor negro e na sátira, esta nova adaptação, caminha em terrenos da obsessão, drama e tragédia. Alem do mais, creio que os contornos e complexidades, de uma relação condenada (e condenável) à partida, são muito melhor explorados nesta película. Para isso, contribuiu enormemente a personagem torturada e dividida de Jeremy Irons, num dos seus grandes papéis, assim como o seu objecto de desejo, uma Dominic Swain, que transmite toda a tentação, inocencia e manipulação de forma tórrida e por vezes comovente. De destacar tambem a presença de Frank Langella (Frost/Nixon) no papel do monstruoso pedófilo Quilty, que nas poucas cenas em que aparece, transmite uma aura maléfica e perturbante. Ao pé de Quilty, Humbert parece um inocente, tal o nível de perversão deste personagem.
Trata-se de um filme complexo e com várias camadas de leitura. Insjustamente confundido como uma obra exploratória, Lolita é no fundo um retrato da obsessão e de amor perdido. Arrisco mesmo dizer, que é tão bom ou melhor que a versão de Kubrick. E aquela música de Ennio Morricone…
Trata-se de um filme complexo e com várias camadas de leitura. Insjustamente confundido como uma obra exploratória, Lolita é no fundo um retrato da obsessão e de amor perdido. Arrisco mesmo dizer, que é tão bom ou melhor que a versão de Kubrick. E aquela música de Ennio Morricone…
"Light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo... Li... Ta"
1 comentário:
Sabe me informar onde consigo esse filme?
Excelente postagem!
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