terça-feira, março 04, 2008

No Country For Old Men (2007)

de Ethan e Joel Coen


Há uma cena em No Country for old Men, que me agarrou a atenção e me fez lembrar o porquê de os irmãos Coen, terem sido os meus heróis cinematográficos no início dos anos 90. Lewlind Moss, está sozinho no seu quarto de motel. Lá fora parece estar o assassino psicopata que o persegue, desde que Moss descobriu uma mala cheia de dinheiro. Nessa cena, estamos presos ao ponto de vista de Moss, e isso no universo coeniano, implica ficarmos presos num quarto com um personagem, apenas ouvindo os ruídos, e vislumbrando as ténues variações de luz, que emanam da frincha da porta. Em suma, uma sequência plena de suspense e com uma encenação que nos remete para essa obra esquecida e genial que é Barton Fink.

Claro que não vou revelar o desenlace dessa cena, mas ela surge sensivelmente a meio do filme, e fez-me esperar que grandes momentos viriam aí. Enganei-me em parte. Grandes momentos , apenas só ultimos nos 10 minutos de filme, com os Coen a mostrar todo o poder da elipse, de forma simplesmente genial. Até lá, sequência após sequência, os realizadores, acabam por se repetir em universos e situações já por si explorados com muito mais originalidade e mestria, como foi no caso do superior Fargo. Essa repetição de temas e situações parece-me a mim algo esquemática e prejudicou-me o visionamento do filme. O que nuns casos se pode chamar de marca do autôr, em No Country For Old Men, parece-me sinceramente, desinspiração, pois muitas das situações vividas pelos seus ricos personagens, não parecem fazer nem avançar a trama, nem revelar personagens, e como consequência tornam-se maçadores.

Mas não crendo sêr injusto com o filme, há que referir a obra, tem muitíssimos méritos. Sendo de destacar a fotografia de Roger Deakins, a montagem e como é óbvio num filme dos Coen, as grandes interpretações. Incontornável referir em primeiro lugar a composição intensa e perturbada de Javier Bardem, que consegue transmitir com pouquíssimas palavras, toda a loucura e o mal que emanam do seu Anton Chirguh. Realmente um dos personagens mais assustadores dos ultimos tempos. Tommy Lee Jones como sempre vai bem, e Josh Brolin, é uma revelação com a sua personagem a carregar surpreendentemente bem o peso da história.

No Coutry For Old Men, não é o filme do ano. É sim um belíssimo filme negro, e uma tentativa dos seus excelentes autores regressarem à boa forma. Filme do ano, esse foi outro. Um tal de There Will Be blood…

2 comentários:

Cataclismo Cerebral disse...

Pois é, o "There Will Be Blood" é que foi grandioso! Gostei do "No Country..." um pouco mais que tu, mas decididamente não merecia ser o filme do ano pela Academia.

Abraço

Luís A. disse...

sabes o que é? sou um GRANDE fã dos Coen, daí a desilusão. mas realmente o filme do milkshake é que é!!!

abraço:)

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