Se há capítulo que esteve omisso, seja na obra-prima de Tim Burton, seja na BD original de Bob Kane, foi a origem do Homem-Morcego. A transição do rapazinho que assiste ao assassinato dos seus pais, até se tornar o vingador implacável que é Batman, nunca nos tinha sido revelada, em qualquer um dos outros quatro(!) filmes. Pois bem é essa origem que este filme dirigido por Christopher Nolan (Memento, The Prestige) aborda de forma muito satisfatória e engenhosa.Este regresso do homem-morcego mais famoso, do mundo pela mão do talentoso Nolan, é um belo entretenimento. Neste caso, o tom gótico de Burton, ou o carnaval trash de Schumacher, são abandonados, para dar lugar a uma abordagem, mais assente em pressupostos realistas e verosímeis. Servido pela melhor interpretação até à data, do super-herói, responsabilidade de Christhian Bale, que se revela cada vez mais, um actor com grande apetência para personagens complexos e sinistros, assim como para as cenas que requeiram uma maior exigência física.
A mão firme de Nolan, leva o filme a bom porto. Conseguindo um eficaz equilíbrio entre o desenvolvimento psicológico de Batman e as obrigatórias cenas de acção. Se há algo a apontar neste capítulo, será provavelmente um certo automatismo para filmar essas mesmas cenas de acção, que se revelam por vezes algo confusas, tal é a velocidade do corte assim como da escolha de grandes planos para supostamente aumentar a intensidade da cena. Mas aparte disso, Nolan revela-se um exímio director de actores, que além de Bale, tem um cast à sua disposição verdadeiramente impressionante: Liam Neeson, Gary Oldman, Morgan Freeman, Michael Caine, Ken Watanabe, Cilian Murphy, Rutger Hauer(um regresso à 1ª divisão), Tom Wilkinson, Katie Holmes. Enfim, um elenco verdadeiramente luxuoso e que curiosamente funciona e complementa-se na perfeição.
Destaque ainda para a união sui generis de dois dos maiores compositores de Hollyood, Hans Zimmer e James Newton Howard, que assinam uma banda sonora, impressiva e pujante que não fica nada atrás do clássico composto por Dany Elfman em 1989.





Baseado no polémico livro de Breat Eston Ellis, American Psycho, foi igualmente rodeado por muita celeuma na altura da estreia, devido ao seu forte contéudo gráfico e as cenas de sexo quase explícito. Ambientado na América dos anos 80, este filme funciona a vários níveis. É uma sátira mordaz à sociedade de consumo e superficial, é um filme de terror e por fim um mistério policial que tem um fim inconclusivo e amoral. Bateman personifica o lado mais doentio e perverso da américa regueniana, desprovida de moral e de empatia pelos outros e onde apenas conta a ganância e a ambição de cada um. Com uma estrutura narrativa que nos pôe desde o início a acompanhar o doentio personagem principal, o filme nunca tenta (e bem) explicar as motivações psicológicas que fazem Bateman agir como age. A aposta da realizadora Mary Harron, está no sub entendido e revela muitíssimo no que não é dito pelos personagens. O diálogo funciona quase como uma antítese da natureza dos intervenientes.
E claro, falar de American Psycho é falar da interpretação explosiva e magnética de um Christian Bale pré-Batman, que tem no seu Bateman (curioso o nome) um dos seus melhores papéis até à data. O filme pertence-lhe por inteiro. E a forma assustadora como revela a sua total ausência de sentimentos e natureza doentia, indica-nos que estamos na presença de um grande actor. Podia destacar vários momentos brilhantes. Mas um particularmente, cómico, tenso e chocante, está numa sequência onde Bateman faz uma das suas entusiasmadas disertações, sobre as maravilhas da música pop (neste caso os Huey Lewis and The News), de machado na mão e prestes a desmembrar um Jared Leto completamente embriagado. Sem dúvida, um dos grandes vilões do cinema recente.





Mas La Messa è Finita não é apenas um filme sobre a decadência de valores morais e ideológicos. Acima de tudo é sobre a ausência de afectos e a solidão (tema recorrente em Moretti) que estão na génese do comportamento bizarro do jovem padre. Há várias cenas que demonstram isso, mas é destacar o final particularmente tocante, em que no meio de um casamento que um derrotado Giulio celebra, os convidados começam a dançar na igreja e que provocam finalmente um sorriso esperançoso, na sua face até aí sisuda. Um final luminoso num filme desencantado e que faz pensar e especialmente, sentir. 









As amizades, que Michelle cultivou durante toda a sua vida, encontram-se agora desprovidas de princípios, de valores ou mesmo de moral. Esse naufrágio moral de toda uma geração, a que pertencem Michelle e seus amigos e colegas, é aquilo que desperta a calma raiva que Moretti aplica no seu protagonista.












