













Manhunter
De novo o mar como reconciliação e paz. Aqui a simbologia é mais presente que nunca, pois o filme abre e fecha com o oceano. Se na primeira cena, Graham está perturbado e traumatizado, o facto de estar de costas viradas para o mar não é inocente. Na cena final após a morte do serial killer, ele consegue finalmente contemplar a sua tranquilidade e beleza, junto à sua família e nós sentimos que ele encontrou a tão desejada paz.
Last of the Mohicans
Aqui não temos, o mar, mas temos a água dos rios. O elemento aquático funciona como símbolo erótico e de união entre homem e mulher. Só após a fuga aos ingleses, e depois de encontrarem esconderijo numa gruta oculta por uma catarata (a água protectora) é que Hawkeye e Cora conseguem declarar o seu amor.

Heat
Num filme predominantemente urbano, o mar funciona como sugestão de desejo de fuga e solidão para Neil. É quando está sozinho e a contemplar o oceano, que Neil decide procurar ligar-se a alguém, encontrando na cena seguinte Eady. E quando no dia seguinte Cris lhe diz que Charlene o quer deixar, Neil apoia-o a voltar para ela. O oceano no background é de novo o elemento de sugestão romântica








Uma das últimas obras do polémico Marco Ferreri, La Carne é, à semelhança de filmes como Chiao Maschio e La Grande Bouffe, a crónica da auto-destruição de um homem, causada pela sua relação com uma sensual mulher. E em La Carne, Ferreri vai longe nos seus temas recorrentes de solidão, não comunicação entre sexo(s) e angústia existencial masculina. O seu Paolo leva ao limite a obsessão pela possessão do sexo feminino e num final que tem tanto de surpreendente como de perturbador, Ferreri torna explícito o tema desta obra através de outro dos seus tópicos favoritos, a relação entre o sexo e a comida. Se a super-mulher pela qual o pobre Paolo se apaixona, é voluptuosa, carnal e sexual, ela é também inacessível e inatingível. Durante todo o filme há uma luta pela possessão desta deusa, e uma sequência num talho, avisa-nos que esta luta será até às últimas sequências. Tal como The Last Tango in Paris, também La Carne fala da angústia de meia-idade masculina, através de cenas tórridas, escandalosas e chocantes. A diferença entre o clássico de Bertolucci e esta obra, é que aqui temos o humor sarcástico e caustico de Ferreri, que limitado a uma casa e meia dúzia de actores, cria um microcosmos e uma metáfora, para todas as relações possessivas. La Carne funciona como um interessante e perspicaz tributo à superioridade feminina e uma feroz crítica à bestialidade masculina. Um filme insólito na obra de um realizador injustamente esquecido. 

