Uma surpresa este verdadeiro clássico dos anos 70. Com duas estrelas de 1ª grandeza (Robert Redford e Dustin Hoffman), um realizador muito inspirado quer a nível visual quer na direcção dos actores, e especialmente um argumento muitíssimo bem construído. Uma história de paranóia e conspiração a que anos mais tarde Michael Mann, foi buscar muita da inspiração para o magnífico O INFORMADOR.
Destaque ainda para o papel de Jason Robards, numa verdadeira lição de underacting, que lhe valeu o Oscar da Academia pelo seu magnífico papel.
quinta-feira, novembro 30, 2006
Os Homens do Presidente (1976)
terça-feira, novembro 14, 2006
Um Eléctrico Chamado Desejo (1950)
Esta obra polémica dirigida com mão de mestre por Elia Kazan, que revelou o “monstro” Marlon Brando, é uma adaptação da peça de Tenessee Williams, que tinha sido encenada pelo mesmo Elia Kazan. É um filme algo desconcertante, uma vez que apesar de se confinar a praticamente um só cenário, a direcção de Kazan e a intensidade das representações de Marlon Brando e Vivien Leigh , tornam esta obra altamente cinemática. Filme com muitas alusões eróticas, assim como provocações aos códigos da moral e da censura da altura, Um Eléctrico Chamado Desejo é um clássico a ver e rever por todo espectador que quiser ver um grande espectáculo da arte de bem representar e apreciar a direcção genial de um dos grandes mestres do cinema norte-americano da década de 50 e 60, de seu nome, Elia Kazan.
The Departed - Entre Inimigos (2006)
Regresso muito aguardado ao tema de sempre do cinema de Scorsese: A máfia , ou o desespero moral a que as suas personagens são obrigadas a abraçar uma vez que a sociedade (e por vezes eles próprios) rejeita e aliena-os devido à sua especificidade cultural e sociológica. Foi assim em Mean Streets, foi assim em Taxi Driver, foi assim em Raging Bull, foi assim em Goodfellas, foi assim em Casino e é assim em The Departed. Exemplo dessa ideia é a fortíssima cena em que um magnífico Leonardo Di Caprio, é confrontado com a falta de futuro na força policial onde se formou, a não ser que se torne um bufo/rato/infiltrado. Essa cena quanto a mim, revela mais que 30 cenas de exposição juntas, porque de uma acentada só, é revelada a complexa personalidade do personagem de Di Caprio e todas as motivações que o impelem a aceitar uma missão no mínimo suicida.
Os actores, estão todos excelentes, com destaque para o já referido Di Caprio, o aterrorizante Jack Nicholson, o imoral Matt Damon, o escatológico Mark Whalberg, ou mesmo a luminosa Vera Farmiga.
Falar da excelente montagem de Thelma Schoonmaker ( colaboradora essencial de Scorsese desde o inesquecível Raging Bull) , é praticamente uma redundância, mas obrigatório mesmo assim. Porque o ritmo diabólico que é impregnado na narrativa deve muitíssimo às excelentes cargas de energia que os cortes precisos e bastante reveladores que a magnífica dupla Scorsese/Schoonmaker aplica de forma sublime.
Agora um pequeno aparte, não sou daqueles que esconjuram Gangs Of New York, ou o Aviador. Quanto a mim, apesar de claras falhas, Gangs, foi claramente um filme com uma mensagem fortíssima e uma carga visual visceral (e não esquecer o estrondoso Billy the Butcher). Já em relação ao Aviador, apesar de ter ficado bastante desiludido num primeiro visionamento (coisa que não me aconteceu com os Gangs), o filme ganhou quanto a mim muitíssimo numa segunda leitura, uma vez que apesar do seu classicismo formal, a personagem do torturado Howard Hughes é quanto a mim uma das mais fortes de todos os filmes de Scorsese, fazendo lembrar recorrentemente essa figura trágica maior do universo Scorsesiano, o igualmente assombrado (e assombroso) Jake La Motta (do monstro De Niro).
Espero que me perdoem esta divagação pelos ultímos trabalhos do mestre Marty, mas creio que The Departed, é um magnífico filme. Excelente argumento, visceral, implacável, duro, comovente… mas … mas… falta qualquer coisa. Talvez falte uma sequência final como a magnífica paranóia de Ray Liotta na sequência final de GoodFellas, ou uma espiral auto destrutiva como a de Nicholas Cage em Bringing Out the Dead.
Talvez falte aquela pincelada de génio a que o Scorsese nos habituou. Mas seja como for Scorsese é dos geniais turcos dos anos 70, aquele que se mantém irredutível à sua crença e ela é o CINEMA.
Quanto a Oscars, se temos os filmes, para quê os Oscars? Scorsese não precisa deles para ser o maior realizador do mundo (e para mim já o é há 28 anos).